terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Para o Boxing Day



 

In the right corner
A same old shit
(something about an chirst)
In the other side
The first lover
Passion on grass
The Ball and pride

Do que me serve o Natal
Dívida, família e sogra
Se não tenho o capital
Até o amor fica de fora ?

O que me importa
É aonde o mundo rola
Não quero feriado amistoso
O meu jogo é outro

Dia vinte e quatro
Quase me mato
Dia vinte e cinco
Preso, nem brinco
Mas dia vinte e seis
Sempre sou Inglês
 

Improvisada de terceira festa
Camisa dez de dezembro
O dia na caixa
Livre de impedimento
Dribla o tempo

Quem nasceu há milênios
Não confere os tentos
O meu salvador
É um atacante matador

George Best is god
And devil in only a body
My priest wears red
When I pray
I greet  the Boxing Day


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Hipocrisia Animal



Eu não quero estar certo – Vira mestre surge na internet uma corrente com fortes imagens de violência contra animais indefesos.  A indignação é geral e irrestrita. O código de Hamurabi dos nossos corações exige uma punição no mínimo igual a do agressor do bicho. Não isso seria uma animalesca hipocrisia moral?

Todos reclamam de maus tratos a animais domésticos, mas e os outros? Os animais que nos servem de alimento merecem uma vida de sofrimento e privações que chega ao fim em uma morte bárbara? Não existe argumento moral que resista a hipocrisia (ou será que não existe moral sem hipocrisia?). Comer carne é um luxo desnecessário. Existem milhares de pessoas que não comem carne, por diversos motivos, e são saudáveis. Muitas vezes, mais saudáveis que os carnívoros. Para um homem das cavernas poderia ser uma necessidade fisiológica imprescindível, para nós não é. É só um prazer. Sendo assim condenamos espécies inteiras a uma vida inteira de horror para nosso simples deleite.

Ah, mas nós somos seres racionais e conscientes, temos percepção da nossa individualidade, ao contrário dos animais. Uma galinha é igual a todas as outras.” Pensamento com a lógica do século XIX. Hoje, sabemos bem existem diversos tipos de inteligências, como a emocional, a racional é mais uma entre elas. Indo além, a racionalidade foi o último tipo de inteligência a surgir, é natural que seja a menos desenvolvida. Mesmo assim, ela ocupa o topo na hierarquia das faculdades humanas. E só por conta dela, nos julgamos superiores a todas as outras formas de vida.

Pela razão, tudo é permitido, até a violência. Ou melhor, a violência racional é a única válida. Nossa relação com os outros animais é exemplar nesse ponto: a violência irracional, como bater em um cão indefeso ou uma tourada, é julgada e taxada como imoral; a violência racional, como os bichos torturados e mortos para nos alimentar, é justa, logo moral. A moralidade prova, somos a única espécie hipócrita. Bater com a raiva do coração é maldade, torturar industrialmente é progresso.



Evitar moralina para evitar hipocrisias - Quem come carne se alimente da crueldade mais atroz. Será que tem o direito de apontar o dedo para as crueldades alheias?


O direito dos ET´s - Da Guerra dos Mundos a Marte Ataca, de Independence Day a Reconquista, a ficção cientifica no cinema coloca extraterrestres aniquilando a humanidade. Nossa reação é de raiva, pena e compaixão: “Aliens, porque vocês são tão malvados conosco?” Uma vez que os ETs sejam mais inteligentes que nós, não são superiores? E se são superiores não teriam, pela lógica da nossa relação com outras espécies, o direito inalienável de nos exterminar? As diferenças que os extraterrenos com seus raios de desintegração, proporcionam uma morte rápida e indolor, são muito mais humanos do que a gente.

Perguntar ofende - Será que a irritação das pessoas com a violência contra animais dosméticos, não é a raiva contra a destruição do patrimônio? A vaca na fazenda tem função de máquina, o bicho no apartamento é uma propriedade, talvez não seja isso, o desperdicio, que enfureça?



Se for para comer carne, coma sem medo de ser feliz, só não alimente a hipocrisia. Entre o certo e o errado, dignamente, não escolho nenhum: como carne sabendo que isso é muito errado.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ignorar as rivalidades é a real vitória da mídia


Rivalidade, regionalismo e mídia - Existe uma corrente forte nas redes sociais a pregar que se torça pelo título do Vasco. A movimentação tem mais motivação na antipatia pelo outro aspirante a taça, o Coringão, do que pela simpatia pela Cruz de Malta. Normal, o Corinthians tem a segunda maior torcida do país e grande apoio da mídia paulista, que tem um discurso provinciano mas tem alcance nacional. Enquanto o Vasco é o anti-Flamengo, o time de maior torcida, sempre apontado como a “encarnação do mal” e outras demonstrações de medo das demais hinchas do Brasil. Diante desse cenário, é natural que torcedores paulistas, rivais do Timão, apóiem o Vasco; também previsível que torcedores “alheios” a disputa, como mineiros e gaúchos, por exemplo, fiquem com o Bacalhau.
Agora, há nessas torcidas uma ação que foge da lógica: torcidas cariocas, rivais do Vasco, torcendo pelo... Vasco. Com a mesma argumentação das torcidas distantes da disputa: “Não quero que ganhe o Corinthians, time sujo, da Globo, da CBF, do Neto, das maracutaias e da mídia paulista.” Um pensamento justo, menos para os torcedores cariocas. A corroboração dessa afirmação por parte de tricolores, botafoguenses e até flamenguistas é reveladora.
Uma das alegrias de ser campeão é poder zoar, rir da cara, humilhar, infernizar e ofender nossos amigos e entes queridos. A vida costuma não respeitar escolhas futebolísticas e as pessoas acabam se relacionando com torcedores dos mais variados times. E não importa a beleza da existência daquele individuo que amo, se não escolheu meu time, está errado e merece sofrer. Um dos prazeres mais doces de viver o futebol. Por que recusar-lo então?

A resposta está na dimensão que a mídia tomou no futebol e no cotidiano mesmo. Lamentavelmente, se dá mais atenção às mídias que as pessoas. “Não quero ver o Neto comemorando” ou “A mídia paulista vai encher o saco” ou ainda “A Globo e o Ricardo Teixeira não podem ter esse gostinho”. Uma lástima. Renegar o lado pessoal, esquecer a rivalidade construída pelas pessoas e torcer a favor do seu rival é a maior vitória que se pode consagrar, justamente, a grande mídia suja. Quem tem as pessoas no mais alto grau de consideração, não despreza as rivalidades, pelo contrário, as alimenta. Se for para torcer pelo rival por raiva da mídia é para se desistir do futebol.É a vitória do futebol moderno, que quer o esporte como espetáculo, não como palco maior das tragédias e paixões humanas. Como o sentimento paradoxal da rivalidade: Um rival ama odiar o outro. Por respeito ao Vasco e vascaíno, para a celebração do que de melhor existe no jogo, Flamenguistas, Tricolores e Botafoguenses devem torcer pelo Timão. Aí sim estarão dizendo: que se foda a CBF e as mídias. Nossas paixões estão muito acima das sujeiras delas.

Meu inimigo, cúmplice da minha paixão – Em a Genealogia da Moral e Além do Bem e do Mal, Nietzsche expõe duas visões distintas do inimigo: As sociedades nas quais predominava a ética nobre, grega e romana, por exemplo, o inimigo era visto como essencial para o guerreiro nobre. O guerreiro nobre respeita seu inimigo como realce para sua própria vontade e ação e, para ser piegas, “o respeito já é uma ponte para o amor...”. Por ter semelhantes qualidades o inimigo do nobre já é valorizado por ele. O inimigo concebido pela ética do escravo é oposto, é um mal que deve ser idealmente destruído. A ética do escravo é pautada pelo rancor covarde do espírito escravizado. Nietzsche diz que essa ética representa “o cheiro do fracasso de uma alma que envelheceu”.

Quem gosta de futebol percebe facilmente que o espirito do futebol é o da ética do nobre. Rivais engrandecem um ao outro. O desejo de vencer um time é proporcional ao tamanho. Vitórias sobre os grandes são vitórias maiores. Para fugir do caso carioca, o que seria do Inter sem o Grêmio, e vice-versa? Os clubes gaúchos se fizeram nacional a partir da disputa local. Sempre guerreando, os clubes se consolidaram grandes e nobres. Jogos se tornaram clássicos. Quem não teve rivais, ficou sem história. Descansou em paz.