sexta-feira, 22 de março de 2013

A Aldeia e a Bola




A lembrança que restará dos índios do Maracanã será sintomática: o nome da bola da copa, "Cafuza", é a forma pejorativa com a qual os colonizadores se referiam a miscigenação entre índios e negros. A bola terá a hegemonia da memória dos primeiros habitantes dessa terra. Evidentemente, o rolar da bola emanará alegria e, aos olhos do mundo parecerá uma homenagem a essa história. Assim, a bola será o que resta de indígena nessa copa. A imagem permitida dos índios do Brasil - eles não tem nome - será a bola alemã. Trata-se de um genocídio, pois, como lembra Deleuze, o genocídio não é só o extermínio físico, mas ideológico: "a própria essência do genocídio: decretar que um povo não existe, para negar-lhes o direito à existência."

Hoje o povo indígena resiste em aldeia, amanhã existirá em uma bola