terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Joselito do Bem e o Politicamente correto

Ele não sabe brincar, ele é chato, ele não tem noção, ele é o Joselito do bem. Enquanto, você e seus amigos inocentemente assistem a uma luta do Anderson Silva, Joselito do Bem puxa o fio da tomada, dizendo: “Isso é uma barbaridade. Estamos regredindo. Esse sangue todo vermelho no chão...” Não adianta tentar impedi-lo, ele define o que é certo e errado. Quando se podia fumar em áreas reservadas dentro de bares, Joselito se indignava em chiliques histéricos: “Meu ar puro... meu pulmão ficará preto!” Ainda que em lugares abertos, se irrita com os fumantes, faz beicinho e pondera consigo mesmo: “Quem fuma não pode ficar em paz” Joselito persegue o fumante até que ele apague o acesso. A vontade de Joselito é sempre o melhor para todos. Ele sabe disso. 

 Em restaurantes, Joselito não perdoa quem o acompanha e come carne: “Sabe como essa criatura sofreu para chegar ao seu prato e encher sua barriga gorda?” Não importa se a pessoa come sushi ou carne de um boi que morreu de tristeza, Joselito não aceita. 



Joselito ama a natureza, compra pneu feito de borracha malaia reciclada para sua bike, mas não anda muito para não suar. Joselito ama tanto a natureza que mesmo sendo apolítico votou na Marina. O Joselito é um ser democrático e pluralista. Afinal, só ele sabe o que é democracia e pluralidade. E quem discordar merece pancada.

Politicamente Correto – Invenção das corporações

Naomi Klein, em Sem Logo: a Tirania das Marcas em um planeta vendido, testemunha o nascimento das chamadas “guerras do politicamente correto”.Klein relata que no final dos anos 80 empresas como Microsoft e Nike aproveitam a crista da onda neoliberal para terceirizar suas produções, mudando a ideia do que deve ser uma marca: “o que essas empresas principalmente produziam, diziam eles, não eram coisas, mas imagens de suas marcas” Através dessas imagens, as grandes marcas conseguiram dominar o mundo, vendendo tudo para todos.
Luta de clases: obsoleta

Essa proeminência do capitalismo corporativo era um resultado evidente do fim da URSS e da queda do comunismo. Não havia oposição, o mundo todo era um mercado para comprado e vendido, todo país deveria ter o direito de ser globalizado. Klein conta, melancolicamente, que as corporações invadiram as universidades sem obstáculos. As únicas resistências eram das minorias tradicionalmente excluídas: mulheres, negros, judeus e latinos exigiam que as corporações, a nova forma de poder total, dialogassem com eles. As corporações, pela primeira vez, ouviram essas minorias e as incorporaram tanto a imagem, quanto ao consumo. A lógica era simples: As minorias lutavam não mais por idéias obsoletas e sim por uma nova forma de representação delas, a partir dessa surgirá uma nova forma de imagem e assim uma nova forma de entendimento das minorias. A mídia mudando a imagem das minorias, faria os preconceitos desaparecerem, sonhavam os estudantes.  O politicamente correto como agente transformador da realidade, estabelecendo identidades. Ledo engano. 

O marketing de identidade - As grandes empresas de comunicação, publicitários e marqueteiros estavam atentos a esses movimentos de contestação, dividido em sub-culturas, rapidamente se tem o marketing da identidade. Se era diversidade que os jovens queriam, diversidade eram o que teriam. A busca da identidade através da diversidade se tornou necessidade de mercado. Uma marca que desejasse ter sucesso, conquistar consumidores deveria cair de cabeça na diversidade. Dessa forma, a marca Gap estampou campanhas com gays se beijando e a Nike utilizava a imagem de Tiger Woods como símbolo da “resistência”. Definitivamente, as políticas de identidade não estavam combatendo o sistema, ou mesmo subvertendo-o.

O mercado se apoderou do movimente politicamente correto da mesma forma que se apoderou da cultura jovem de maneira geral: como fonte de novas imagens carnavalescas. $$$$$


Todo mundo pode ser feliz, basta comprar
Para a cátedra do Twitter - “A verdadeira culpa do politicamente correto”escreveu o professor de literatura da Universidade de Nova York em 1991 “não é a sua suposta intolerância ou rigidez, mas que não é suficientemente político - é a personalização da luta política.” O politicamente correto treinou uma geração de militantes de imagens não de ações.

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