terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Para o Boxing Day



 

In the right corner
A same old shit
(something about an chirst)
In the other side
The first lover
Passion on grass
The Ball and pride

Do que me serve o Natal
Dívida, família e sogra
Se não tenho o capital
Até o amor fica de fora ?

O que me importa
É aonde o mundo rola
Não quero feriado amistoso
O meu jogo é outro

Dia vinte e quatro
Quase me mato
Dia vinte e cinco
Preso, nem brinco
Mas dia vinte e seis
Sempre sou Inglês
 

Improvisada de terceira festa
Camisa dez de dezembro
O dia na caixa
Livre de impedimento
Dribla o tempo

Quem nasceu há milênios
Não confere os tentos
O meu salvador
É um atacante matador

George Best is god
And devil in only a body
My priest wears red
When I pray
I greet  the Boxing Day


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Hipocrisia Animal



Eu não quero estar certo – Vira mestre surge na internet uma corrente com fortes imagens de violência contra animais indefesos.  A indignação é geral e irrestrita. O código de Hamurabi dos nossos corações exige uma punição no mínimo igual a do agressor do bicho. Não isso seria uma animalesca hipocrisia moral?

Todos reclamam de maus tratos a animais domésticos, mas e os outros? Os animais que nos servem de alimento merecem uma vida de sofrimento e privações que chega ao fim em uma morte bárbara? Não existe argumento moral que resista a hipocrisia (ou será que não existe moral sem hipocrisia?). Comer carne é um luxo desnecessário. Existem milhares de pessoas que não comem carne, por diversos motivos, e são saudáveis. Muitas vezes, mais saudáveis que os carnívoros. Para um homem das cavernas poderia ser uma necessidade fisiológica imprescindível, para nós não é. É só um prazer. Sendo assim condenamos espécies inteiras a uma vida inteira de horror para nosso simples deleite.

Ah, mas nós somos seres racionais e conscientes, temos percepção da nossa individualidade, ao contrário dos animais. Uma galinha é igual a todas as outras.” Pensamento com a lógica do século XIX. Hoje, sabemos bem existem diversos tipos de inteligências, como a emocional, a racional é mais uma entre elas. Indo além, a racionalidade foi o último tipo de inteligência a surgir, é natural que seja a menos desenvolvida. Mesmo assim, ela ocupa o topo na hierarquia das faculdades humanas. E só por conta dela, nos julgamos superiores a todas as outras formas de vida.

Pela razão, tudo é permitido, até a violência. Ou melhor, a violência racional é a única válida. Nossa relação com os outros animais é exemplar nesse ponto: a violência irracional, como bater em um cão indefeso ou uma tourada, é julgada e taxada como imoral; a violência racional, como os bichos torturados e mortos para nos alimentar, é justa, logo moral. A moralidade prova, somos a única espécie hipócrita. Bater com a raiva do coração é maldade, torturar industrialmente é progresso.



Evitar moralina para evitar hipocrisias - Quem come carne se alimente da crueldade mais atroz. Será que tem o direito de apontar o dedo para as crueldades alheias?


O direito dos ET´s - Da Guerra dos Mundos a Marte Ataca, de Independence Day a Reconquista, a ficção cientifica no cinema coloca extraterrestres aniquilando a humanidade. Nossa reação é de raiva, pena e compaixão: “Aliens, porque vocês são tão malvados conosco?” Uma vez que os ETs sejam mais inteligentes que nós, não são superiores? E se são superiores não teriam, pela lógica da nossa relação com outras espécies, o direito inalienável de nos exterminar? As diferenças que os extraterrenos com seus raios de desintegração, proporcionam uma morte rápida e indolor, são muito mais humanos do que a gente.

Perguntar ofende - Será que a irritação das pessoas com a violência contra animais dosméticos, não é a raiva contra a destruição do patrimônio? A vaca na fazenda tem função de máquina, o bicho no apartamento é uma propriedade, talvez não seja isso, o desperdicio, que enfureça?



Se for para comer carne, coma sem medo de ser feliz, só não alimente a hipocrisia. Entre o certo e o errado, dignamente, não escolho nenhum: como carne sabendo que isso é muito errado.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ignorar as rivalidades é a real vitória da mídia


Rivalidade, regionalismo e mídia - Existe uma corrente forte nas redes sociais a pregar que se torça pelo título do Vasco. A movimentação tem mais motivação na antipatia pelo outro aspirante a taça, o Coringão, do que pela simpatia pela Cruz de Malta. Normal, o Corinthians tem a segunda maior torcida do país e grande apoio da mídia paulista, que tem um discurso provinciano mas tem alcance nacional. Enquanto o Vasco é o anti-Flamengo, o time de maior torcida, sempre apontado como a “encarnação do mal” e outras demonstrações de medo das demais hinchas do Brasil. Diante desse cenário, é natural que torcedores paulistas, rivais do Timão, apóiem o Vasco; também previsível que torcedores “alheios” a disputa, como mineiros e gaúchos, por exemplo, fiquem com o Bacalhau.
Agora, há nessas torcidas uma ação que foge da lógica: torcidas cariocas, rivais do Vasco, torcendo pelo... Vasco. Com a mesma argumentação das torcidas distantes da disputa: “Não quero que ganhe o Corinthians, time sujo, da Globo, da CBF, do Neto, das maracutaias e da mídia paulista.” Um pensamento justo, menos para os torcedores cariocas. A corroboração dessa afirmação por parte de tricolores, botafoguenses e até flamenguistas é reveladora.
Uma das alegrias de ser campeão é poder zoar, rir da cara, humilhar, infernizar e ofender nossos amigos e entes queridos. A vida costuma não respeitar escolhas futebolísticas e as pessoas acabam se relacionando com torcedores dos mais variados times. E não importa a beleza da existência daquele individuo que amo, se não escolheu meu time, está errado e merece sofrer. Um dos prazeres mais doces de viver o futebol. Por que recusar-lo então?

A resposta está na dimensão que a mídia tomou no futebol e no cotidiano mesmo. Lamentavelmente, se dá mais atenção às mídias que as pessoas. “Não quero ver o Neto comemorando” ou “A mídia paulista vai encher o saco” ou ainda “A Globo e o Ricardo Teixeira não podem ter esse gostinho”. Uma lástima. Renegar o lado pessoal, esquecer a rivalidade construída pelas pessoas e torcer a favor do seu rival é a maior vitória que se pode consagrar, justamente, a grande mídia suja. Quem tem as pessoas no mais alto grau de consideração, não despreza as rivalidades, pelo contrário, as alimenta. Se for para torcer pelo rival por raiva da mídia é para se desistir do futebol.É a vitória do futebol moderno, que quer o esporte como espetáculo, não como palco maior das tragédias e paixões humanas. Como o sentimento paradoxal da rivalidade: Um rival ama odiar o outro. Por respeito ao Vasco e vascaíno, para a celebração do que de melhor existe no jogo, Flamenguistas, Tricolores e Botafoguenses devem torcer pelo Timão. Aí sim estarão dizendo: que se foda a CBF e as mídias. Nossas paixões estão muito acima das sujeiras delas.

Meu inimigo, cúmplice da minha paixão – Em a Genealogia da Moral e Além do Bem e do Mal, Nietzsche expõe duas visões distintas do inimigo: As sociedades nas quais predominava a ética nobre, grega e romana, por exemplo, o inimigo era visto como essencial para o guerreiro nobre. O guerreiro nobre respeita seu inimigo como realce para sua própria vontade e ação e, para ser piegas, “o respeito já é uma ponte para o amor...”. Por ter semelhantes qualidades o inimigo do nobre já é valorizado por ele. O inimigo concebido pela ética do escravo é oposto, é um mal que deve ser idealmente destruído. A ética do escravo é pautada pelo rancor covarde do espírito escravizado. Nietzsche diz que essa ética representa “o cheiro do fracasso de uma alma que envelheceu”.

Quem gosta de futebol percebe facilmente que o espirito do futebol é o da ética do nobre. Rivais engrandecem um ao outro. O desejo de vencer um time é proporcional ao tamanho. Vitórias sobre os grandes são vitórias maiores. Para fugir do caso carioca, o que seria do Inter sem o Grêmio, e vice-versa? Os clubes gaúchos se fizeram nacional a partir da disputa local. Sempre guerreando, os clubes se consolidaram grandes e nobres. Jogos se tornaram clássicos. Quem não teve rivais, ficou sem história. Descansou em paz.  


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Não existe amor em SP, não mesmo




A situação da USP com a repressão tumultuada não é um acaso. Pelo contrário, os acontecimentos na universidade das últimas semanas são sintomáticos sobre a vida na cidade de São Paulo. O cantor Criolo decreta: “Não existe amor em SP”. Se entendermos amor pelo viés do poeta, que afirmava “o amor só dura em liberdade”, a canção de Criolo é precisa com o momento da cidade. Não confundir liberdade com liberalismo, desse SP gosta muito. A liberdade é cada vez mais restrita, em especial, para as camadas e expressões populares; o dinheiro é cada vez mais livre. O resultado dessa conjunção é que enquanto a maior parte do país vive uma fase de inclusão, São Paulo vive e saúda suas exclusões.

São Paulo foi pioneira em proibir o cigarro em bares, o comércio de rua e os pastéis de feira. O que no Rio é o “Choque de Ordem” na metrópole é a vida rotineira: cozinhas de bares fecham as 23h, pois a 1h são obrigados a fechar em respeito ao império do silêncio e do estado de sítio. Chamar de estado de sítio não é uma hipérbole, regiões pobres da zona sul, como o bairro do Grajaú, sofrem com toques de recolher e dispersão de jovens sob o argumento da “prevenção de crimes e uso de drogas”. Com o mesmo argumento um juiz de Fernadopólis, no interior do estado, instaurou toque de recolher para jovens em espaços públicos, medida que foi seguida por outras pequenas cidades. Há um projeto de lei na Assembléia Legislativa que pretende estender a determinação para todo estado. Pessoas encontrando pessoas já é um perigo, que dirá então jovens encontrando jovens? Vai que dar amor...

Bandeira não pode
Os espaços públicos devem ser seletos, reduzidos e proibidos, dignos apenas da contemplação. No mesmo caminho, os espaços lúdicos devem ser racionalizados e ordenados. Nos estádios paulistanos, a repressão ao popular é acompanhada da sua irmã gêmea, a elitização. Sobem os preços, aumentam as proibições. Tudo é proibido nos estádios de SP: não se pode pintar o rosto, é proibido beber (antes da proibição nacional, já o era), não se pode levar radinhos, é proibido levar cornetas; são proibidos instrumentos de sopro; sanduiches de pernil (tradicionalíssimos no palestra e na lusa) também foram banidos. No dia das crianças desse ano, o governador fez um gesto emblemático: vetou a volta das bandeiras aos estádios, proibidas desde 1995. Uma criança ou adolescente jamais viram a linda festa proporcionada por bandeiras. Questão de segurança, vai que em uma dessas bandeiras há uma mensagem de amor?

Da USP ao Grajaú, do metrô de Higienópolis ao albergue de Pinheiros, passando pelos estádios, esse ano foi de muitas vitórias para o conservadorismo paulistano. Não existir amor em SP, é a maior delas.

Sampa – Caetano canta “Narciso acha feio o que não é espelho”. Engana-se quem pense que o mito grego ao qual recorre Cae é sobre vaidade. O mito de Narciso se trata da capacidade de assimilação da alteridade. Apaixonadamente preso ao seu reflexo, Narciso ignora o outro e faz de si a única realidade possível e válida. A conseqüência dessa redução do plano existencial é óbvia: o próprio fim. Da mesma forma, a cidade de São Paulo é refém da paixão pela sua auto-imagem, rejeitando as diversas faces que a pluralidade dos seus habitantes oferece: a opção de Sampa é sempre por si mesma. Uma pena que a imagem que a seduz e conquista seja o reflexo no Tietê.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O Mercado odeia a Democracia

                                                         

A marca do mercado -  Eduardo Galeano recorda em De pernas pro ar a origem dos mercados: em um tempo não muito distante, mercado era o que hoje chamamos de feiras, lugares alegres e cheios de vida, onde produtores se encontravam com as pessoas. Mercados eram locais coloridos em que a gente encontrava o que precisavm, mas acima de tudo, pessoas encontravam pessoas.O significado de mercado mudou com o tempo. Hoje, se trata de uma entidade superior, cheia de intemperes e humores (geralmente mal-humor), onde se vende futuros a custa de conquistas históricas. Em nome da riqueza de 5 ou 6 grupos se vende uma páis inteiro e se escraviza um povo. O Brasil é um caso exemplar: FHC entregou o país aos mercados, o resultado foi recessão atrás de recessão sem nehum benéficio para a população. Como esquecer quando terras distantes ,como Hong Kong e Malásia,  com pouco relação com o país quebrarm e levaram o Brasil psra crise?

O alvo da vez dos mercados é a Grécia. A terra de Heráclito e Charisteas foi considerada no inicio da década modelo da eficiência neo-liberal,  com impostos baixos e liberade para o dinheiro circular promiscuamente . Medidas adotadas para a entrada do país na "União" Européia.

Pois é, o paraíso neo-liberal se transformou no inferno das pessoas. Com a crise de 2008, o governo grego percebeu que não poderia manter liberdade para os mercados e garantias sociais para a população. Evidentemente, o povo é  tem que assumir essa conta, como manda o sagrado receituário do FIM(opa, é FMI). Enquanto a economia vai se esfarelando, crescem os números de suicídios, protistuição, desnutrição,aids e pobreza. Desde já saudamos aos gregos: "Bem-vindos ao terceiro mundo, poucas leis mas muita obediência ao mercado"

Exórdio e peroração - A origem da tão aclamada e maltratada democracia é a Grécia, ainda que uma democracia aristocrática. Os gregos foram os pioneiros do voto e do direito. Na àgora ateniense, se debatia e se discutia o futuro da pólis, todos considerados cidadãos (só alguns e sem mulheres - parece a China) poderiam opiniar. O ocidente se preocupou em remodelar esse sistema e torna-lo mais acessivel e universais nos últimos três séculos especialmente, como o mais perfeito modelo de governança. Democracia, a peróla do ocidente.

Em setembro, o parlemento grego aprovou um plano de corte de gastos socias, que vitimará a população grega, principalmente os jovens. Os 123 parlamentares votaram contra 80% da população, isto é aproxidamente 9 milhões de pessoas. Na última semana de outubro, o governo começou a se lembrar que não governa apenas para os mercados e para os rentistas, resolveu fazer um plebiscito. Os mercados ameaçaram destruir a Grécia, caso o país cometesse a audácia de consultar seu povo. A democracia termina por onde começou.

Legado Olimpíco -  As medidas de austeridade financeira foram também um fator decisivo na escolha de Atenas para sede das Olimpíadas de 2004. Uma dica para o Brasil, o legado é a conta olimpíca.


O melhor amigo do homem -Os mercados não querem larga o osso: exigem que a Grécia renegue sua soberania. A populção grita "Não!" com todos os pulmões. Todos esses berros são acompanhados por uma latido solitário e solidário. Um cachorro acompanha vários protetos a favor do direito a auto-determinação do povo grego. É uma vida de cão contra os bancos, os derivativos e os mercados. Nossa vida humana de cão.

 
Loukanilkos, o cão grego que late (e morde!) contra os mercados. 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O nome do Blog - Uma homenagem à homenagem de Raul

Raul Seixas é critério definitivo de verdade neste blog: o que Raul canta é tomado verdade. O baiano foda não ocupa o lugar que merece no panteão da música brasileira. O gênio, muito a frente do nosso tempo, é sempre injustamente lembrado apenas como "Maluco beleza" ou "doidão mistico". Nada mais apropriado para uma sociedade reacionária, qualificando dessa maneira o cantor, rebaixa-se o teor e o poder da sabedoria que transmite.

"Inferno é o fogo do sol" é um verso da canção espetacular Baby,  uma  maravilhosa afronta lamentavelmente renegada ao esquecimento. Baby é versão de outra música do próprio Raul, Tânia. Composta em 1977, Tânia é uma homenagem a terceira esposa de Raul, Tânia Barreto. Tanto Baby quanto Tânia abordam sexualidade e dividande de maneiras originais, não rseparando-as como uma dicotomia, mas sim com ambas se afirmando. Não existe separação entre sexo e deus, quem tenta estabelecer uma ruptura são os recalcados que tem na negação à vida seu ato criativo. Gente que vive nas beiras não sabe que deus não é tão mal assim.

Tânia

Tânia, esquece o despeito das freiras,
Gente que vive nas beiras
E nunca se atreve ao profundo,
Fogo, negro, centro do mundo,
Deus está no puro e no imundo.

Teu rosto mostra o receio
Que pulsa do arfar do teu seio,
Teu corpo seco ou molhado,
Foi feito, prá, prá
Ser mesmo tocado por deus.



Raul percebe obviedades que a hipocrisia religiosa não quer enxergar: se deus está em tudo, está presente também no que se considera imundo. Raul vai além, se a divindade tem sua razão na criação, o ato sexual, sendo pura criação natural, é uma ação puramente divina.

Baby  não é tão contudente quanto Tania, talvez por isso Raul escolheu a primeira para o álbum "Abre-te Sésamo". Direta e sincera, Tânia, é uma declaração poderosa de amor. Baby, por sua vez é mais doce, cheia de malícia se adequa melhor a melodia "meiga". Duas obras desafiadoras: uma filha da outra, vindouras do mesmo pai genial e doidão. Santa promiscuidade.

Baby



Baby, hoje 'cê' faz treze anos,
Vejo em seus olhos seus planos,

Eu sei que você quer deitar
Não dá ouvido à razão, não
Quem manda é seu coração

Oh Baby,
 

Abraça seus livros no peito,
Esconde o que é tão perfeito,
Eu sei...


Baby,
A madre da escola te ensina,
A reconhecer o pecado,
E o que você sente é ruim
Mas, baby, baby, Deus não é tão mal assim,
não, não, não, não, baby...
 

Grande álbum
No quarto crescente da lua                                         
Descobre a vontade que é sua

Eu sei...
A mancha de batom vermelho,
Por que esconder no lençol,
Se dentro da imagem do espelho
baby, baby, o inferno é o fogo do sol
não, não, não, não, baby,

Hoje 'cê' faz treze anos...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A corrupção que interessa a Veja

A serpente pode ficar
A mídia odeia a política, não a corrupção - A grande mídia trata da corrupção como uma prática exclusiva dos políticos. Todos os outros setores da sociedade são imunes, iniciativa privada, sociedade civil e mídia, ninguém é corrupto, só os políticos. Não é uma apologia da corrupção, nem justificar um erro com outro, mas quem corrompe também é corrupto. Deus culpou a mulher, puniu o casal, mas deixou livre a serpente. Essa é a lógica bíblica do combate à corrupção.

Milton Santos afirmava: A cidadania no Brasil nunca foi composta, a elite quer privilégios; os pobres não tem direitos. O poder no Brasil está intimamente ligado as vantagens que o privado consegue no público.O poder político é o poder do dinheiro. Quem tem dinheiro corrompe quem não tem, ou pelo menos quem quer mais. Em todos os níveis da sociedade. Ignorando a corrupção rotineira, grandes jornais e revistas lançam mão do velho discurso moralista bobo: “Nós os bons e honestos contra eles, os maus e corruptos. De qual lado você está?
Ninguém me salvou não


O destino não é para o seu bico - A Veja saúda os manifestantes das passeatas contra a corrupção como o “Brasil decente que se levanta” ou “o cidadão-em-si-mesmo” (Kant comigo direita?), reconhecendo nestes uma “esperança para o país”. A mesma publicação chama os ocupantes de Wall Street de “boçais”, “desocupados” e “vagabundos”. Esses desqualificados, como os trata a revista amiga da CBF, são vítimas da crise econômica, que tem umas das suas raízes na... corrupção. Basta recordar que fraudes em balanços e desvios em fundos de pensão foram agravantes para a crise do capital financeiro. Milhares de trabalhadores perderam o emprego, famílias perderam as casas e sociedades perderam direitos consolidados à saúde e educação gratuitas e universais, por exemplo. “Vagabundos como ousam almejaram serem protagonistas da própria vida afrontando o Deus-mercado?” 

Arruda, herói da Veja
A CBF fica na Rua Victor Civita – Victor Civita foi o americano que fundou a Ed. Abril e a revista Veja. Hoje sua memória continua viva na defesa semanal dos interesses americanos realizada pela Veja. Também é nome de Rua no bairro onde a Veja e sua mentalidade prevalecem, a Barra, a Miami carioca. Para essa rua se mudou a Confederação Brasileira de Futebol. A Veja que adora atacar a corrupção se cala perante as jogadas, internacionalmente reconhecidas, de Ricardo Teixeira, o “Ricky Trick”. Nunca um endereço foi tão emblemático.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Joselito do Bem e o Politicamente correto

Ele não sabe brincar, ele é chato, ele não tem noção, ele é o Joselito do bem. Enquanto, você e seus amigos inocentemente assistem a uma luta do Anderson Silva, Joselito do Bem puxa o fio da tomada, dizendo: “Isso é uma barbaridade. Estamos regredindo. Esse sangue todo vermelho no chão...” Não adianta tentar impedi-lo, ele define o que é certo e errado. Quando se podia fumar em áreas reservadas dentro de bares, Joselito se indignava em chiliques histéricos: “Meu ar puro... meu pulmão ficará preto!” Ainda que em lugares abertos, se irrita com os fumantes, faz beicinho e pondera consigo mesmo: “Quem fuma não pode ficar em paz” Joselito persegue o fumante até que ele apague o acesso. A vontade de Joselito é sempre o melhor para todos. Ele sabe disso. 

 Em restaurantes, Joselito não perdoa quem o acompanha e come carne: “Sabe como essa criatura sofreu para chegar ao seu prato e encher sua barriga gorda?” Não importa se a pessoa come sushi ou carne de um boi que morreu de tristeza, Joselito não aceita. 



Joselito ama a natureza, compra pneu feito de borracha malaia reciclada para sua bike, mas não anda muito para não suar. Joselito ama tanto a natureza que mesmo sendo apolítico votou na Marina. O Joselito é um ser democrático e pluralista. Afinal, só ele sabe o que é democracia e pluralidade. E quem discordar merece pancada.

Politicamente Correto – Invenção das corporações

Naomi Klein, em Sem Logo: a Tirania das Marcas em um planeta vendido, testemunha o nascimento das chamadas “guerras do politicamente correto”.Klein relata que no final dos anos 80 empresas como Microsoft e Nike aproveitam a crista da onda neoliberal para terceirizar suas produções, mudando a ideia do que deve ser uma marca: “o que essas empresas principalmente produziam, diziam eles, não eram coisas, mas imagens de suas marcas” Através dessas imagens, as grandes marcas conseguiram dominar o mundo, vendendo tudo para todos.
Luta de clases: obsoleta

Essa proeminência do capitalismo corporativo era um resultado evidente do fim da URSS e da queda do comunismo. Não havia oposição, o mundo todo era um mercado para comprado e vendido, todo país deveria ter o direito de ser globalizado. Klein conta, melancolicamente, que as corporações invadiram as universidades sem obstáculos. As únicas resistências eram das minorias tradicionalmente excluídas: mulheres, negros, judeus e latinos exigiam que as corporações, a nova forma de poder total, dialogassem com eles. As corporações, pela primeira vez, ouviram essas minorias e as incorporaram tanto a imagem, quanto ao consumo. A lógica era simples: As minorias lutavam não mais por idéias obsoletas e sim por uma nova forma de representação delas, a partir dessa surgirá uma nova forma de imagem e assim uma nova forma de entendimento das minorias. A mídia mudando a imagem das minorias, faria os preconceitos desaparecerem, sonhavam os estudantes.  O politicamente correto como agente transformador da realidade, estabelecendo identidades. Ledo engano. 

O marketing de identidade - As grandes empresas de comunicação, publicitários e marqueteiros estavam atentos a esses movimentos de contestação, dividido em sub-culturas, rapidamente se tem o marketing da identidade. Se era diversidade que os jovens queriam, diversidade eram o que teriam. A busca da identidade através da diversidade se tornou necessidade de mercado. Uma marca que desejasse ter sucesso, conquistar consumidores deveria cair de cabeça na diversidade. Dessa forma, a marca Gap estampou campanhas com gays se beijando e a Nike utilizava a imagem de Tiger Woods como símbolo da “resistência”. Definitivamente, as políticas de identidade não estavam combatendo o sistema, ou mesmo subvertendo-o.

O mercado se apoderou do movimente politicamente correto da mesma forma que se apoderou da cultura jovem de maneira geral: como fonte de novas imagens carnavalescas. $$$$$


Todo mundo pode ser feliz, basta comprar
Para a cátedra do Twitter - “A verdadeira culpa do politicamente correto”escreveu o professor de literatura da Universidade de Nova York em 1991 “não é a sua suposta intolerância ou rigidez, mas que não é suficientemente político - é a personalização da luta política.” O politicamente correto treinou uma geração de militantes de imagens não de ações.