quinta-feira, 27 de junho de 2013

Vândalos – como chegaram aqui


                                
Foi um mês de junho inesquecível: revoltados de todos os tipos proporcionaram dias de apreensão à cidade, por reivindicarem o que era seu por direito. Eram vândalos. A pauta era a liberdade de crença, a expulsão das casas, a miséria e a fome contrastantes com o luxo que ostentavam os ricos e poderosos. A elite ignorante teve que rever conceitos e fazer concessões a aqueles pobres. A atitude dos vândalos precipitou o fim de um sistema político cuja decadência já era evidente. O ano era 455 e a cidade, Roma.

“Vândalo” tem sua etimologia ligada ao termo germânico “walden”, que significa “vagar”. Os povos germânicos que migravam em desesperada necessidade, fugindo da guerra, fome e miséria eram, portanto, os “Vândalos”. Vândalos são vagamundos. Não é de hoje que a migração é um problema para a elite. Não é de hoje que fome, miséria, violência, exploração e expulsão são problemas para o pobre. Não por acaso as migrações germânicas são chamadas de “invasões bárbaras”. Quem inventou esse termo?

Entre períodos de paz e de guerra, entre acordos e batalhas, os vândalos se misturaram com os outros povos e se consolidaram no norte da África e por toda Europa. A peculiaridade daquele junho, jamais foi esquecida: o termo “vandalismo” é criado, em 1794, por um bispo francês durante a Revolução Francesa. Após ver a destruição de imagens do velho rei, declara: ”inventei a palavra para impedir o ato”. O uso e abuso da história: o bispo que alegava querer defender a história não se importa em distorce-la. Qualquer semelhança com a invenção do termo “terrorismo” não é mera coincidência.

Antes daquele junho inesquecível para o Império, os vândalos já haviam migrado para a península ibérica, se consolidando e se misturando com outros povos que habitavam. Após serem derrotados por tropas vassalas a Roma, migraram para a África. Mil anos de miscigenação depois, os povos da península ibérica e da África colonizaram o continente americano. Somos todos vândalos.  

O sangue vândalo corre em nossas veias abertas. Em junho, há de ferver. 

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