quinta-feira, 28 de junho de 2012

A Libertadores é melhor que a Liga dos Campeões




                                                                          
Separación de  los hombres de los niños - Não há o que discutir, os melhores jogadores do mundo jogam nos melhores estádios-arenas do universo quando disputam a UEFA Champions League. Ao tocar o poliglota hino da Champions, é quase certo um grande confronto técnico e tático. Pela soma desses fatores, a competição européia de clubes é a mais famosa e a mais pelo vista mundo a fora, incluindo o Brasil. A constatação da qualidade do continental europeu não deve ser enxergada, no entanto, por um viés restritivo que assume hoje: muitos afirmam que o futebol só existe por aquelas bandas e o resto é lixo. Noves fora o complexo de vira-lata da parte sul do planeta, quem defende a supremacia da UEFA ignora o torneio mais difícil, mais brigado e mais foda do planeta: a Taça Libertadores da América.
                A competição da América do sul não tem Messi ou Cristiano Ronaldo, nem o Old Trafford, nem a organização e nem o glamour da Champions. O torneio sudamericano tem jogos que os horários são alterados em cima da hora, tumulto na chegada do ônibus, chuva de papel picado e de papel higiênico, sinalizadores coloridos queimando em fúria (ainda!), gramados que são pastos,  jogadores comuns, intimidação aos árbitros, torcedores alucinados, cartão amarelo que vale uma multa ridícula (U$ 80 por cartão amarelo) e não suspensão e, o maior símbolo do romantismo latino no futebol, a clássica barreira de escudos policiais para proteger o cobrador na hora da cobrança do escanteio.    
O sentimento Latino é pelador, brigador, quer a luta garrida; o sentimento nacional de cada país é oposto, mais sóbrio, menos exaltado. Claro que sobram raça e paixão no disputado campeonato argentino ou no uruguaio, mas o sangue ferve até os olhos somente na e pela Libertadores, como atestam os cantos das hinchas de Boca, Peñarol, Cerro ou Universidad, sempre recordando ou desejando a competição.
  Na Europa, são diferentes as motivações, o sentimento europeu comum é o civilizatório, racional, modelo para o planeta; o sangue esquenta como um latino somente no latente nacionalismo. A crise econômica demonstra que o nacionalismo, ao contrário da visão do eurosonho, está presente demais.
Comparemos duas análises regionais da época do nascimento do futebol. O escritor Eduardo Prado critica com veemência o pan-americanismo, em A Ilusão americana, em 1893: “Onde é que se foi descobrir na história que todas as nações de um mesmo continente devem ter o mesmo governo? E onde é que a história nos mostrou que essas nações têm por força de serem irmãs? (...)A fraternidade americana é uma mentira. Tomemos as nações ibéricas da América. Há mais ódios, mais inimizades entre elas do que entre as nações da Europa
A Turquia ainda é não-européia
No mesmo período o bigode europeu de Nietzsche profetizava em Humano, demasiado humano : “O homem europeu e a destruição das nações – O comércio e a indústria, a circulação de livros e cartas, a posse comum de toda cultura superior , a rápida mudança de lar e de região, a atual vida nômade de quem não possuem terras  - essas circunstâncias trazem necessariamente o enfraquecimento e  por fim a destruição  das nações, aos menos das europeias: de modo que a partir delas , em consequência de contínuos cruzamentos, deve surgir uma raça mista, a do homem-europeu”.  Esse “homem-europeu” é o torcedor que paga, no mínimo, mais de 70 euros para assistir a um jogo,  pega o eurotrem sem cantar uma música ,esse é o torcedor que exige assentos aquecidos ao invés de pular o jogo todo para se aquecer, falando em aquecer, ai da organização se o chá desse torcedor estiver morno. Tudo de acordo com o espatáculo plástico. Nada mais justo que o Chelsea e a sua moderninha torcida, mais interessada no Iphone do que no jogo seja campeão.  Sintoma crasso de uma Europa com valores em crise? Talvez.  Ao sul do equador, onde o pecado continua legalizado, a final é entre os maloqueiros do Corinthians contra os ensandecidos xenezies do Boca. Melhor assim. 

terça-feira, 15 de maio de 2012

Spike Lee Vs Ali Kamel - Mais um 13 de Maio esquecido




Nesse ano de 2012, Spike Lee, diretor do filmaço "Malcom X", está realizando uma série de viagens ao Brasil, onde realiza um documentário sobre o país que se transforma. Ou pelo menos tenta um pouco. A escolha de Spike foi entrevistar diversas personalidades, de Dilma a Romário, passando pelo Caetano. A mídia no seu papel habitual de desinformação categórica destaca as entrevistas, não o filme. Tomam o meio pelo objetivo, anunciando nas manchetes que o diretor veio ao país para as entrevistas. Querem esquecer o filme, pois o tema lhes é maldito: a questão racial no Brasil.

1989, Não somos racistas

Que questão?” “Que racismo?” Perguntaria Ali Kamel, autor de (sic) “Não somos racistas”, livro que prega o banimento de qualquer política de ação afirmativa no Brasil, por que, como expõe o título não há racismo por aqui. Inspirando-se em Gilberto Freyre, Kamel tenta estabelecer novas ideias sobre a natureza da miscegnação nacional. A diferença é que Ali não tem o mesmo talento que Freyre, entretanto tem bem mais poder. Ali Kamel é diretor de jornalismo da Globo, a eterna casa-grande da imprensa brasileira.

Ali Kamel e sua obra
A voz da casa-grande é a única que se ouve na senzala. Spike Lee escolheu cirurgicamente o momento do julgamento da constitucionalidade das cotas para abrir seu filme, o que passou escandalosamente batido nos grandes meios. Um dos maiores diretores da atualidade enxerga uma mazela na sociedade brasileira, vem aqui discuti-las de maneira aguda e a repercussão é mínima. “Velozes e Furiosos 5”, rodado também no Brasil teve cobertura diária das gravações, só para efeito de comparação. Mesmo não merecendo a mesma atenção que um blockbuster do Van Disel, fica evidente um boicote à película de Lee por conta da sua temática. 

Não é Spike Lee que vai colocar à tona o que varremos para deixo do tapete” pensa os comandantes da re(d)ação conservadora às cotas. E de fato, pelo menos ainda, nem o diretor nem ninguém conseguiu colocar o debate na pauta do dia.

Spike Lee curte um bom basquete, nesta com Henry

O último 13 de Maio é sintomático nesse aspecto. Começando antes, durante a semana anterior, o congresso votou mais uma vez a PEC do trabalho escravo que tipifica e amplia as punições para o trabalho escravo. O projeto está há onze anos na câmara, terceira legislatura,e, mais uma vez, foi derrotado. “Porque? Como um projeto contra o trabalho escravo é tão indesejado? Por Quem?”. São perguntas que deveriam ser feitas.  No aniversário da assinatura da Lei Áurea, não é feriado, por sinal, quase nada foi dito ou lembrado. Ofuscado pelo comercailissímo dia das mães, a data da libertação dos negros escravizados foi solenemente ignorada. Poucas comemorações oficiais, nenhuma reportagem, por fim, esquecimento obrigatório. Deveria ser lembrada.

   Resta uma esperança, Spike Lee voltou aos EUA para acompanhar os New York Knicks nos play-offs da NBA. A equipe de NY já caiu fora. Lee já esta voltando com novos olhares sobre nossas memórias. Devemos ver, para não esquecer os futuros 13 de Maio do Brasil.

Spike Lee colocou o Inimigo Público lutando contra o poder para abrir "Faça a coisa certa"...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O futebol só ganha com a derrota do Barcelona


A seleção de 82 não perderia de jeito nenhum, pena que o jogo era de futebol

O Barcelona é o melhor time do mundo, mais do que isso, é um dos maiores times de todos os tempos. O jeito de jogar com a posse de bola quase permanente permitindo que os passes sejam cumpridos à medida que são dados é inédito, pelo menos neste grau de eficiência. A equipe comandada por Guardiola tem tamanha noção coletiva que deveria ser inspiração para os socialistas, como argumenta o genial Torero: “o time tem um planejamento central forte, feito por Pep Guardiola, que conhece bem seus recursos naturais e os utiliza de forma racional para o bem comum. Há também uma certa abolição de classes. Não há mais uma separação nítida entre zagueiros, meio campistas e atacantes. Principalmente entre estes dois últimos. Messi pode ser visto na ponta direita e zanzando como volante, Fábregas é um meio-campista mas aparece para finalizar, Dani Alves é um lateral que mais parece um ponta. Assim sendo, obviamente temos a propriedade coletiva dos meios de produção do gol, pois todos podem, e devem, atacar.” Torero inclusive lembra o papel da cidade de Barcelona na resistência a Franco durante a guerra civil, flertando com o anarquismo, movimento presente também no time do Barça: “Quanto à pitada de anarquismo, vem da mobilidade decidida pelos próprios jogadores dentro de campo. Não é “cada um faz o que quer”, como se pensa erradamente sobre o anarquismo, mas um conjunto orgânico, que funciona como um ser vivo, com cada indivíduo se comportando como a célula de um grande organismo.” Portanto, nas palavras do escritor fica claro que o atual fantástico Barcelona não é uma referência apenas de excelência esportista, seu desempenho em conjunto é parâmetro para toda forma de empreendimento, do político ao artístico.
Alguns saudosistas gostam de atribuir ao time do Guardiola à alcunha de “herdeiro do futebol antigo” ou até “vingador da seleção brasileira de 82”. Pensam que o Barça é uma revanche contra o futebol feio e eficiente praticado hoje. Trate-se de uma falsa dicotomia: o caminho mais fácil para a vitória é ter a posse de bola. Além da maior possibilidade de marcar, manter a bola reduz as chances de gol do adversário e o cansa, pondo-o para correr atrás. O futebol do Barça não é parnasiano, alcança seus objetivos pelo caminho que dispõe. A beleza é uma feliz consequência.
Uma estratégia válida
Mas toda essa capacidade encantadora, todo esse talento mágico hipnotizante não provém do uniforme azul-grená. Mais importante do que o como, é o quê joga o Barcelona. Falamos de futebol, e se a sua graça, exuberância e a plasticidade seduzem, é sua imprevisibilidade, humana demasiada humana, que arrebata de paixão.
Só o futebol possibilita ao time inferior vencer mesmo jogando pior. No atletismo o melhor é posto a prova em todas as disputas: quem corre, salta, pula ou arremessa menos é pior. Simples assim. Em outros esportes coletivos como vôlei e basquete, o pior pode até vencer, mas só se jogar melhor, se obter as melhores estáticas. A seleção americana de basquete é a melhor, mas perde, pois joga pior. A diferença técnica presente no basquete e no vôlei se faz presente, no entanto, em um play-off  na melhor de três, cinco ou sete jogos.
O time de Messi perde: tudo é possível
  O Barça é o melhor time do mundo, joga melhor e... pode perder, só porque o jogo no qual é brilhante chama-se futebol. O Barcelona Fútbol Club não precisa de mais conquistas para sua consagração. O futebol precisa se renovar através das surpresas que se superam e fazem do certo o duvidoso e do impossível o destino. Isso possibilita ao esporte ser único, capaz de lições raras. Como outras expressões artísticas o futebol dá vida ao conhecimento, tornando seus ensinamentos mais valiosos que a própria verdade transmitida.
Nada mais didático do que uma belo fracasso aliás, porém tal aprendizado é mais proveitoso para quem tem a capacidade de se reinventar. É o caso do time de Pep, que se reinventou em 1999, em 2004, em 2007 e em 2009, só para ficar nas mudanças recentes. Em todos os casos saindo do ótimo para o fantástico, e deste para o melhor. Se dependesse daqueles saudosistas, meritocratas conservadores, o melhor time do planeta seria ainda o Sheffield United. Não havendo nem o Santos de Pelé ou a Laranja mecânica holandesa, com suas respostas inovadoras fomentadas por derrotas. Só os grandes sabem se remodelar assim, só os maiores não perdem a soberania após os insucessos.
Vencer sendo reconhecidamente mais fraco não torna a vitória mais vitoriosa? Não é o que ensina o mito de Davi contra Golias? Ou as histórias gregas nas quais homens usando a sapiência conseguem derrotar titãs e ludibriar deuses? A derrota faz do gigante menor ou da divindade menos sagrada?Que o Barça seja sempre espetacular, para que quando cair, tombe de pé, dando ao vitorioso um pouco da glória que já possui. Há grandeza em azul-grená suficiente para isso. Sem que haja o choro rancoroso dos conservadores.
Quem é devoto da meritocracia e justiça foi um pouco a forra na bola que Sergio Ramos isolou no Santiago Bernabeu, abrindo caminho para a classificação do Bayern. Prova que os deuses do futebol tem muito de humano nos seus humores: em um dia são alegres provocadores da ordem, para no dia seguinte serem justiceiros implacáveis.
Na copa de 54 primeiro  jogo ocorre o certo, no segudo a história

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Como era gostoso meu francês – Antropofagia, por acaso uma esperança para o Brasil


                Estudos historiográficos recentes tentam responder uma questão geográfica: “Por que os franceses invadiram o Brasil pela Baia da Guanabara?”. Abandonando o “riocentrismo”, percebe-se que não foi a beleza da região ou outro pormenor. A França Antártica foi fundada na beira da baia, pois a incipiente colônia era ignorada pelos lusos, mais interessados em São Vicente, Bahia de Todos os Santos e Pernambuco. O oportunismo francês foi o ponta pé inicial definitivo para o que viria a ser a cidade maravilhosa, um dos símbolos do Brasil. Séculos depois, o Rio de Janeiro teria a sorte de ser o porto escoador do ouro mineiro. O acúmulo de acasos geográficos fez do Rio uma cidade importante. O acúmulo de culturas faz do acaso um fator importante para a história do Brasil.
                Não sabemos se é por acaso ou não que o francês Jean, protagonista de Como era gostoso meu francês, chega por aqui. Sabemos que é por acaso que ele é confundido com um português e, por isso, é capturado e preso pelos tupinambás. O seu destino é a sentença dada aos inimigos: após oito luas, equivalente a oito meses, será devorado pela tribo. Jean, que quando preso pelos portugueses tinha um bola de ferro acorrentada aos pés, logo percebe que o cativeiro nativo é diferente: sem grades, sem correntes, sem confinamento. Não há distinção entre o livre e o condenado, senão o futuro. A sociedade tupinambá, sua prisão, o consome, em todos os sentidos.
                Não é só Jean que é consumido. O espectador é ainda mais rapidamente consumido pelos tupinambás. Pintos, periquitas e peitos saltam aos olhos, a flauta rústica e o idioma guarani surpreendem aos ouvidos (o francês, pelo contrário, não nos espanta, sintomático da submissão cultural). Entretanto não demora muito para naturalizamos a nudez explicita e as palavras estranhas. Como o francês Jean nos deixamos consumir.
                Em 1922, Oswald de Andrade lança o manifesto Pau-Brasil, que, parodiando o canibalismo tupi, prega a antropofagia cultural. Tal movimento consistia em absorver culturas e “vomitar” arte, mais cultura. Não era o que praticava as tribos do Brasil do século XVI, mas seus prisioneiros, sim, praticavam uma espécie de antropofagismo. A miscigenação cultural, com todas as ressalvas do preconceito e intolerância que percorrem toda a história do país, beberia muito dessa fonte ou comeria muito dessa carne.
                O pronome possessivo “meu” no título da película deixa claro que a perspectiva presente é a do nativo, que toma para si o estrangeiro. O exótico não é o “índio” é o europeu, mas o que prevalece é o gostoso. Uma escolha histórica da cultura brasileira: preferir o sabor à posse. O cineasta e historiador Paulo Emílio Sales Gomes falava que “Para o Brasil nada é estrangeiro, pois tudo o é”. Nada é ao acaso, desde que seja tudo gostoso, de preferência banhado em sangue e sensualidade.   

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

38 links fundamentais para entender São Paulo



A Veja desta semana traz uma reportagem intitulada “São Paulo, a metrópole que o Brasil ama odiar.” Fiquei intrigado, eu sou do Brasil e não odeio São Paulo. Longe disso, tenho amigos valiosos que nasceram e vivem lá. Sempre que vou à terra da garoa, me divirto. Afinal, bairrismo é burrice. Lembrando de 1932, quando o estado de São Paulo entrou em guerra para se separar do resto do país, pensei: “Será que não é o oposto? Não é São Paulo e os paulistas que odeiam o resto do Brasil?” Novamente, recordei dos meus camaradas em Sampa. Eles não odeiam o Brasil, pelo contrário, os paulistas se espalham alegremente pelo país. Paraty, por exemplo, é praticamente uma província paulistana. Onde, claro, não existe nenhum ressentimento; ninguém é tão bobo quanto a Veja. 


Então o que se passa com São Paulo? Como a capital dos metalúrgicos se transformou  no refúgio da elite excludente, aponto de  merecer a nefasta defesa da suja publicação? Parece que a mentalidade da elite paulista anda na contramão do resto do país. No momento em que o Brasil vive uma fase inédita de mínima inclusão e enfrenta, só um pouco, algumas mazelas, São Paulo opta pelo caminho inverso: atacar seus cidadãos mais humildes sem piedade. A torcida de todos é que essa vingança contra o popular seja o grito desesperado de um conservadorismo que vê seu fim cada vez mais próximo. 

Já que a metrópole faz aniversário nesse dia 25, compilei alguns links de notícias sobre São Paulo nesse ano que passou. Não só da capital, estendi a homenagem a todo o estado cafeicultor.
38 links:
*Quem tiver estômago fraco não leia os comentários das notícias


Começando com a ocupação militar da USP, destruindo aquela bobagem de autônima universitária, coisa babaca de maconheiro vermelho - http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/11/relacao-conflituosa-entre-alunos-da-usp-e-policia-existe-desde-ditadura.html

Panfleto contra os usuários de maconha na USP, de brinde ironizam o assassinato de Vladmir Herzog - http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/11/panfletos-ameacam-usuarios-de-maconha-no-campus-da-usp.html

Só porque ele é preto é racismo? -  http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/01/14/policia-racismo-na-usp-426419.asp

União Conservadora Cristã da USP, o panfleto abaixo é deles - http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/extrema-direita-universitaria-se-alia-a-skinheads/n1597226175495.html 
Olha esse panfleto hahahahaha


Promotor aconselha que se o policial atirar, que atire para matar. Vai ficar derpediçando?! - http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/976892-promotor-aconselha-policial-a-melhorar-mira-para-matar-ladrao.shtml

São Paulo contra o crime: proibição de garupas em motos  - http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/11/assembleia-de-sp-aprova-lei-que-proibe-garupa-em-motos.html

De quem é a culpa do estupro? Da vadia é claro - http://noticias.gospelmais.com.br/bispo-geralmente-estupro-acontece-consentimento-mulher-21005.html

Tropa de elite da polícia paulista, a ROTA, passa a ser chefiada por um dos autores do massacre do Carandiru - http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1010645-novo-chefe-da-rota-atuou-em-massacre-do-carandiru.shtml

São Paulo contra o crime 2: Prefeitura e Governo do estado se unem para caçar estudantes que matam aula -  http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1012529-pm-e-prefeitura-de-sp-vao-a-caca-de-estudantes-que-matam-aulas.shtml

São Paulo contra o crime 3: Alckmin veta a volta das bandeiras ao estádio - http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2011/10/12/alckmin-veta-lei-que-permitiria-a-volta-das-bandeiras-aos-estadios.htm

Governo paulista fecha escola de música Tom Jobim sem motivo - http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/governo-de-sp-fecha-unidade-da-escola-de-musica-tom-jobim

Prefeitura arma Guarda municipal com pistolas Taser - http://blog.opovo.com.br/pliniobortolotti/prefeitura-arma-a-guarda-municipal-com-pistolas-taser-e-chama-a-militarizacao-de-%E2%80%9Cpasso-inovador%E2%80%9D/

Militarização das subprefeituras, atenção ao mapa - http://www.escoladegoverno.org.br/artigos/1023-militarizacao-das-subprefeituras-paulistanas-interesse-do-cidadao-local

Dorival Caymmi - Motoboy deve usar só branco - http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia/2011/11/29/motoboy-devera-usar-moto-branca-e-colete-em-sp.jhtm

"A cidade mais ilustrada": Para 20% dos paulistanos só gays e prostitutas pegam AIDS - http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1014898-para-20-dos-paulistanos-so-gays-e-prostitutas-pegam-aids.shtml

PM paulista não usa só pistolas, usa espadas também - http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/5649-confronto-entre-torcedores-e-policiais-no-pacaembu#foto-105317
.
Metro censura grafite - http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1018981-metro-de-sp-apaga-grafites-de-pm-coxinha-e-vagao-negreiro.shtml

48 prisões, tiros de borracha na cara, ROTA em ação e a exorbitante quantia de 500g de crack apreendidos nos 7 dias de operações na Cracolândia. A ação na Cracolândia já esta na história da truculência policial.

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,jovem-diz-ter-sido-atingida-na-boca-por-bala-de-borracha-na-cracolandia,820634,0.htm

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1032669-rota-entra-em-operacao-da-pm-na-cracolandia.shtml

http://www.redetv.com.br/Video.aspx?166,85,240241,jornalismo,noventa-segundos,operacao-na-cracolandia-prende-48-pessoas

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1034376-geraldo-alckmin-visita-cracolandia-de-madrugada.shtml


E de quem é a culpa do Crack? Dos PeTralhas é claro - http://www1.folha.uol.com.br/poder/1035235-secretario-de-alckmin-diz-que-pt-consolidou-crack-em-sao-paulo.shtml

Mais bonito: taxis agora é com a cor do tucanato - http://oglobo.globo.com/pais/padronizacao-de-taxis-com-as-cores-do-psdb-causa-polemica-3583536#ixzz1ifsNDqXq

Esses professores demitidos e ainda querem salários. Nada disso, tem que devolver - http://noticias.uol.com.br/educacao/ultimas-noticias/2012/01/14/governo-de-sao-paulo-quer-que-12-mil-professores-dispensados-devolvam-salario.htm

Mas peraí, falta dinheiro para o professor e sobra para o estádio? - http://esportes.r7.com/futebol/noticias/fruto-de-dinheiro-publico-estadio-do-corinthians-e-confirmado-pela-fifa-na-copa-do-mundo-de-2014-20110713.html

O principal papel do Estado paulista é garantir a propriedade privada. Reintegração de posse é política educacional. Antes de Pinheirinhos, teve batalha em Ribeirão Preto - http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5223813-EI8139,00-Desocupacao+de+favela+termina+em+confronto+com+a+PM+em+SP.html

O estado de São Paulo contra Pinherinhos:


http://www.cartacapital.com.br/sociedade/liguei-para-o-190-com-medo-da-policia/


http://www.revistaforum.com.br/blog/2012/01/24/a-ausencia-de-um-cadaver-nao-diminui-a-violencia-no-pinheirinho/

“Mas o Alckmin fez casas populares” - http://www1.folha.uol.com.br/poder/1029566-casas-entregues-ha-7-dias-por-alckmin-ja-tem-problemas.shtml

Houve negociação : "O próprio dono da área havia concordado em aguardar mais 15 dias. Isso tudo foi minuciosamente relatado por Suplicy numa assembleia realizada ontem, sábado, no Pinheirinho. De modo que todo mundo estava tranqüilo.” - http://www.viomundo.com.br/denuncias/deputados-denunciam-manobra-de-ma-fe-do-governador-alckmin.html

Aí o pessoal lembrou que a democracia paulista não tolera trabalhista nem socialista - http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/01/22/eduardo-suplicy-e-ivan-valente-sao-detidos-por-policia-em-pinheirinho.htm

Nem mídia independente - https://knightcenter.utexas.edu/pt-br/blog/reporteres-sofrem-censura-ameacas-e-agressoes-na-cobertura-do-processo-de-desocupacao-de-pinhei

Segundo a PM, foi uma 'ação brilhantemente planejada, onde não foi encontrada resistência'. O elemento surpresa foi o sucesso da ação - http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/dezessete-s%C3%A3o-presos-durante-desocupa%C3%A7%C3%A3o-em-pinheirinho-1

PTralha, né, gente?! Paulo Maldos, Sec. de Articulação Social da Presidência da Republica foi recebido com bala de borracha pela PM Paulista em S.J.dos Campo -https://twitter.com/#!/franciscoamr/status/161194448791937024

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5573337-EI7896,00-Secretario+da+Presidencia+baleado+no+Pinheirinho+critica+governo+de+SP.html

Tão reclamando? O pessoal foi bem acomodado, po! - http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1037981-moradores-de-area-integrada-em-sp-vao-dormir-em-tenda-com-lama.shtml

No litoral norte pode, qual $erá a diferença? - http://www.alnorte.org.br/index.cfm?fuseaction=noticias&id=326

Revanche de 1932? Cai dentro Brasil - http://www.cartacapital.com.br/sociedade/mandado-de-reintegracao-previa-confronto-entre-policias-militar-e-federal/

E olha que governo federal não fez nada... http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2012/01/24/psdb-acusa-pt-de-fabricar-mentiras-em-caso-de-reintegracao-de-posse-no-pinheirinho/

Ou São Paulo acaba com o Tucanato ou o PSDB acaba com São Paulo, mas infelizmente acho que esse número de links só aumentará...

                            Enquanto isso, já diria Mano Brown, Adolf Hitler sorri no inferno

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O SOPA é pura promiscuidade


O que é o SOPA? O vídeo abaixo responde
 
 No decorrer da década de 2000, a internet mudou sua faceta gradualmente: antes se comportava como a tradicional mída de massa, com um canal direto, no estilo o "site publica e você consome". Essa relação mudou drasticamente nessa década, hoje os consumidores são os maiores produtores e a interação virou obrigação. É necessário abrir espaço para os frequentadores produzirem também. Google, Facebook e Blogger certamente ganharam muito com essa nova cara da Net, chamada de 2.0. Mas onde alguns ganham outros perdem.   

A cruel mazela da Costa Rica
Quem mais perdeu com internet 2.0? Os barões da pornografia do sul americano, notadamente do Texas,  do Colorado e de Nevada (estado de  LasVegas). Antes a pornografia era consumida somente através de sites pagos que, aliados com serviços de prostituição, gerava lucros absurdos. Funcionava como uma ponte do virtual para o real. A Costa Rica é o maior prostíbulo das Américas, a Tailândia da América Central, a linha de voôs comerciais Houston - San Jose é a mais movimentada do continente( com exeção dos voôs internos nos EUA). A maioria desse fluxo são de velhos indo pegar meninas a preço de banana. Quem intensificou essa relação? Sites pagos com sedes nesse estados, como sexramas da vida, que ofereciam além do vídeos, viagens, hospedagem, e, é claro, as próprias mulheres.   
                
Com o advento da Internet 2.0, surgem sites grátis que estimulam a produção de conteúdo pelos usuários, garantindo o livre-acesso, como RedTube e Helxx. O lucro desses novos canais de pornografia é quase que exclusivamente de propagandas. Não sejamos ingênuos, esses sites promovem a prostitução, contudo sendo abertos e gratuitos estão sujeito a uma fiscalização mais rigorosa. A propriedade, como a pornografia paga, tem caráter sagrado nos EUA, a violação desta é um sacrilégio, assim a fiscalização inexiste. Quanto dinheiro os donos de sites pornográfico pagos(e de prostituição) perderam com o RedTube e afins? Certamente não foi pouco.
       
O SOPA, ou o PIPA, pretende censurar o conteúdo de redes sociais e sites de compartilhamento, o que é lastimável. No entanto é muito pior para os sites de pornografia gratuita: SIMPLESMENTE DEIXARÃO DE EXISTIR sites como Redtube. O conteúdo destes será censurado automaticamente. A pornografia na net voltará a ser paga.

E de qual estado é o congressita relator dessa lei? Dica: estado que o Bush nasceu e que ama petróleo
        
Isso não é uma questão menor, lembramos que a Internet é só um apêndice da rede de pornografia. Sem sexo explicíto promovendo o avanço da internet estaríamos ainda com o telefone ocupado ao usar nossa conexão discada. A pornografia é um instrumento progressivo on-line.

Resumindo,o SOPA é uma putaria.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Nascimento da Tragédia em Two and a Half Men

Apolo e Dionísio na CalifórniaTwo and a Half Men, um dos mais famosos programas da década, não é mais uma série, é legitimo representante do nosso tempo. Merecendo ser visto não como entretenimento somente, mas também como fonte de observação sobre poderosos conceitos filosóficos.
 Os dois homens são Charlie Harper, seu irmão Alan e o meio é o filho dele, Jake. Após se separar da mãe de Jake, Judith, Alan vai viver com seu irmão, o bon-vivant, Charlie. A graça do seriado reside nas oposições entre os irmãos: Charlie é seguro, confiante, bonito, conquistador e rico com pouco trabalhado; Alan, por sua vez, é pouco confiante, feio, pobre, não obtém sucesso nem financeiro e nem com as mulheres.   
O Gordo e o Magro
A exploração de contrastes não é inédita nas comédias, ao longo das histórias do cinema e da televisão, o recuso foi utilizado de várias maneiras. O melhor exemplo é o clássico “O Gordo e o Magro”. Além dos arquétipos corporais, havia outras diferenças, o Gordo era impaciente, pomposo e mal-humorado, o Magro era calmo, humilde e sereno.  Tanto o seriado da atualidade quanto o clássico do cinema são frutos de uma mesma concepção estética, resultante da filosofia de Friedrich Nietzsche.
O Dionisíaco Charlie
Em o Nascimento da Tragédia, Nietzsche introduz dois conceitos ao estudo estético: o dionisíaco e o apolíneo. No post Festa Imodesta e O Nascimento da Tragédia , já havia comentado um pouco sobre as origens da tragédia helênica pela ótica do livro de Nietzsche junto com a música de Caetano. A abordagem sobre os dois conceitos fundamentais da obra pode ser vista através de Two and a Half Men. Nietzsche apresenta dois impulsos distintos, mas complementares, que atuavam no intelecto grego, especialmente nas criações artísticas: Dionisio, o deus grego do vinho, da orgia, das festas e da sensualidade. Os seguidores do culto deixam de lado a linguagem e a identidade pessoal para entrar em uma dança extática. A música e a intoxicação são seus meios, o seu fim é “o orgasmo coletivo místico”. Apolo, o Sol, o deus da ordem, da razão, incorporado no sonho da ilusão, é o homem civilizado. O culto apolíneo gera otimismo. A insistência na forma e na compreensão racional ajuda a se fortificar contra o frenesi irracional dionisíaco. Charlie é Dionísio e Alan é Apolo. A comédia dos irmãos incorpora os deuses da tragédia.  
            A dupla divina, apontava o filósofo bigodudo, é um elemento da tragédia helênica, que, posteriormente seria suprimida pela tragédia clássica e pela nova comédia. Esta nova forma de arte renegava o impulso pessimista dionisíaco da existência (impulso resumido no atual “já que a vida não tem sentido, vamo zoar”), valorizando apenas a pulsão racional apolínea. A triste renovação na arte grega é um triunfo filosófico. Sócrates e seu discípulo, Platão, acreditavam que a arte era superestimada, afinal “a arte é uma imitação secundária da realidade – um substituto falsificado da vida mesmo”. Nietzsche constata com melancolia essa vitoria: “A arte é reduzida a mero divertimento e governada por conceitos vazios”   
Ironicamente, podemos perceber a dupla Dionisio - Apolo em comédias como O Gordo e o Magro e Two and a Half Men. Ao contrário do que defendia a dupla socrática, estas comédias tem o viés da tragédia dionisíaca e não a resignação apolínea. São tragicômicas, comédias pessimistas: a busca pela felicidade, ou pelo sentido, ou mesmo por um final justo é vazia. O Gordo não existe sem o Magro, mesmo esse sendo a causa dos seus infortúnios. Alan tem em Charlie um espelho para a infelicidade da sua existência. Charlie busca a felicidade instantânea, (seus meios são os jingles e a bebida, como os adoradores de Dionísio) tendo Alan como uma espécie de consciência, um artífice do autocontrole. Ora os irmãos se estimulam, ora se repelem, não importa, o resultado é o mesmo: o fracasso na conquista da felicidade, materializado nos relacionamentos amorosos. Isto se deve porque esse sucesso definitivo ou a felicidade final no amor, não existem. São metas inalcançáveis no fim do horizonte. Mesmo assim, os irmãos Harper continuam a andar nessa direção, Alan olhando para o sol, Charlie observando a sua sombra.
             Em uma das passagens do Nascimento da Tragédia, Nietzsche se pergunta "Que efeito estético é produzido quando as forças da arte apolinea e dionisica, usualmente separadas, são forçadas a trabalhar lado a lado?" Quem sabe Jake ainda nós responda...
   
Homer vê o vazio cruel nos olhos de Charlie
Não há máscara – Charlie é Charlie; Sheen é Harper. Poucas vezes se viu um personagem tão adequado ao seu interprete (e não o oposto!). Em tempos de idealizações absurdas, o seriado oferece duas típicas, e pergunta: O que é melhor, o homem sensível, gentil que escuta e respeita as mulheres ou o cafajeste, conquistador, misógino e babaca com as mulheres? Não há resposta certa. Talvez nem haja resposta. Não há esteriotipos que se sustentem na prática. Basta ver as mulheres presente em Two and a Half Men. (É necessário outro post para falar das fabulosas mulheres do programa, como a durona Bertha ou mãe da sacanice, Evelyn)

O eterno enterro – O atual Two and a Half Men vive a sombra de Charlie. Foi o seriado que morreu, não Charlie.