quinta-feira, 26 de abril de 2012

O futebol só ganha com a derrota do Barcelona


A seleção de 82 não perderia de jeito nenhum, pena que o jogo era de futebol

O Barcelona é o melhor time do mundo, mais do que isso, é um dos maiores times de todos os tempos. O jeito de jogar com a posse de bola quase permanente permitindo que os passes sejam cumpridos à medida que são dados é inédito, pelo menos neste grau de eficiência. A equipe comandada por Guardiola tem tamanha noção coletiva que deveria ser inspiração para os socialistas, como argumenta o genial Torero: “o time tem um planejamento central forte, feito por Pep Guardiola, que conhece bem seus recursos naturais e os utiliza de forma racional para o bem comum. Há também uma certa abolição de classes. Não há mais uma separação nítida entre zagueiros, meio campistas e atacantes. Principalmente entre estes dois últimos. Messi pode ser visto na ponta direita e zanzando como volante, Fábregas é um meio-campista mas aparece para finalizar, Dani Alves é um lateral que mais parece um ponta. Assim sendo, obviamente temos a propriedade coletiva dos meios de produção do gol, pois todos podem, e devem, atacar.” Torero inclusive lembra o papel da cidade de Barcelona na resistência a Franco durante a guerra civil, flertando com o anarquismo, movimento presente também no time do Barça: “Quanto à pitada de anarquismo, vem da mobilidade decidida pelos próprios jogadores dentro de campo. Não é “cada um faz o que quer”, como se pensa erradamente sobre o anarquismo, mas um conjunto orgânico, que funciona como um ser vivo, com cada indivíduo se comportando como a célula de um grande organismo.” Portanto, nas palavras do escritor fica claro que o atual fantástico Barcelona não é uma referência apenas de excelência esportista, seu desempenho em conjunto é parâmetro para toda forma de empreendimento, do político ao artístico.
Alguns saudosistas gostam de atribuir ao time do Guardiola à alcunha de “herdeiro do futebol antigo” ou até “vingador da seleção brasileira de 82”. Pensam que o Barça é uma revanche contra o futebol feio e eficiente praticado hoje. Trate-se de uma falsa dicotomia: o caminho mais fácil para a vitória é ter a posse de bola. Além da maior possibilidade de marcar, manter a bola reduz as chances de gol do adversário e o cansa, pondo-o para correr atrás. O futebol do Barça não é parnasiano, alcança seus objetivos pelo caminho que dispõe. A beleza é uma feliz consequência.
Uma estratégia válida
Mas toda essa capacidade encantadora, todo esse talento mágico hipnotizante não provém do uniforme azul-grená. Mais importante do que o como, é o quê joga o Barcelona. Falamos de futebol, e se a sua graça, exuberância e a plasticidade seduzem, é sua imprevisibilidade, humana demasiada humana, que arrebata de paixão.
Só o futebol possibilita ao time inferior vencer mesmo jogando pior. No atletismo o melhor é posto a prova em todas as disputas: quem corre, salta, pula ou arremessa menos é pior. Simples assim. Em outros esportes coletivos como vôlei e basquete, o pior pode até vencer, mas só se jogar melhor, se obter as melhores estáticas. A seleção americana de basquete é a melhor, mas perde, pois joga pior. A diferença técnica presente no basquete e no vôlei se faz presente, no entanto, em um play-off  na melhor de três, cinco ou sete jogos.
O time de Messi perde: tudo é possível
  O Barça é o melhor time do mundo, joga melhor e... pode perder, só porque o jogo no qual é brilhante chama-se futebol. O Barcelona Fútbol Club não precisa de mais conquistas para sua consagração. O futebol precisa se renovar através das surpresas que se superam e fazem do certo o duvidoso e do impossível o destino. Isso possibilita ao esporte ser único, capaz de lições raras. Como outras expressões artísticas o futebol dá vida ao conhecimento, tornando seus ensinamentos mais valiosos que a própria verdade transmitida.
Nada mais didático do que uma belo fracasso aliás, porém tal aprendizado é mais proveitoso para quem tem a capacidade de se reinventar. É o caso do time de Pep, que se reinventou em 1999, em 2004, em 2007 e em 2009, só para ficar nas mudanças recentes. Em todos os casos saindo do ótimo para o fantástico, e deste para o melhor. Se dependesse daqueles saudosistas, meritocratas conservadores, o melhor time do planeta seria ainda o Sheffield United. Não havendo nem o Santos de Pelé ou a Laranja mecânica holandesa, com suas respostas inovadoras fomentadas por derrotas. Só os grandes sabem se remodelar assim, só os maiores não perdem a soberania após os insucessos.
Vencer sendo reconhecidamente mais fraco não torna a vitória mais vitoriosa? Não é o que ensina o mito de Davi contra Golias? Ou as histórias gregas nas quais homens usando a sapiência conseguem derrotar titãs e ludibriar deuses? A derrota faz do gigante menor ou da divindade menos sagrada?Que o Barça seja sempre espetacular, para que quando cair, tombe de pé, dando ao vitorioso um pouco da glória que já possui. Há grandeza em azul-grená suficiente para isso. Sem que haja o choro rancoroso dos conservadores.
Quem é devoto da meritocracia e justiça foi um pouco a forra na bola que Sergio Ramos isolou no Santiago Bernabeu, abrindo caminho para a classificação do Bayern. Prova que os deuses do futebol tem muito de humano nos seus humores: em um dia são alegres provocadores da ordem, para no dia seguinte serem justiceiros implacáveis.
Na copa de 54 primeiro  jogo ocorre o certo, no segudo a história

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Como era gostoso meu francês – Antropofagia, por acaso uma esperança para o Brasil


                Estudos historiográficos recentes tentam responder uma questão geográfica: “Por que os franceses invadiram o Brasil pela Baia da Guanabara?”. Abandonando o “riocentrismo”, percebe-se que não foi a beleza da região ou outro pormenor. A França Antártica foi fundada na beira da baia, pois a incipiente colônia era ignorada pelos lusos, mais interessados em São Vicente, Bahia de Todos os Santos e Pernambuco. O oportunismo francês foi o ponta pé inicial definitivo para o que viria a ser a cidade maravilhosa, um dos símbolos do Brasil. Séculos depois, o Rio de Janeiro teria a sorte de ser o porto escoador do ouro mineiro. O acúmulo de acasos geográficos fez do Rio uma cidade importante. O acúmulo de culturas faz do acaso um fator importante para a história do Brasil.
                Não sabemos se é por acaso ou não que o francês Jean, protagonista de Como era gostoso meu francês, chega por aqui. Sabemos que é por acaso que ele é confundido com um português e, por isso, é capturado e preso pelos tupinambás. O seu destino é a sentença dada aos inimigos: após oito luas, equivalente a oito meses, será devorado pela tribo. Jean, que quando preso pelos portugueses tinha um bola de ferro acorrentada aos pés, logo percebe que o cativeiro nativo é diferente: sem grades, sem correntes, sem confinamento. Não há distinção entre o livre e o condenado, senão o futuro. A sociedade tupinambá, sua prisão, o consome, em todos os sentidos.
                Não é só Jean que é consumido. O espectador é ainda mais rapidamente consumido pelos tupinambás. Pintos, periquitas e peitos saltam aos olhos, a flauta rústica e o idioma guarani surpreendem aos ouvidos (o francês, pelo contrário, não nos espanta, sintomático da submissão cultural). Entretanto não demora muito para naturalizamos a nudez explicita e as palavras estranhas. Como o francês Jean nos deixamos consumir.
                Em 1922, Oswald de Andrade lança o manifesto Pau-Brasil, que, parodiando o canibalismo tupi, prega a antropofagia cultural. Tal movimento consistia em absorver culturas e “vomitar” arte, mais cultura. Não era o que praticava as tribos do Brasil do século XVI, mas seus prisioneiros, sim, praticavam uma espécie de antropofagismo. A miscigenação cultural, com todas as ressalvas do preconceito e intolerância que percorrem toda a história do país, beberia muito dessa fonte ou comeria muito dessa carne.
                O pronome possessivo “meu” no título da película deixa claro que a perspectiva presente é a do nativo, que toma para si o estrangeiro. O exótico não é o “índio” é o europeu, mas o que prevalece é o gostoso. Uma escolha histórica da cultura brasileira: preferir o sabor à posse. O cineasta e historiador Paulo Emílio Sales Gomes falava que “Para o Brasil nada é estrangeiro, pois tudo o é”. Nada é ao acaso, desde que seja tudo gostoso, de preferência banhado em sangue e sensualidade.   

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

38 links fundamentais para entender São Paulo



A Veja desta semana traz uma reportagem intitulada “São Paulo, a metrópole que o Brasil ama odiar.” Fiquei intrigado, eu sou do Brasil e não odeio São Paulo. Longe disso, tenho amigos valiosos que nasceram e vivem lá. Sempre que vou à terra da garoa, me divirto. Afinal, bairrismo é burrice. Lembrando de 1932, quando o estado de São Paulo entrou em guerra para se separar do resto do país, pensei: “Será que não é o oposto? Não é São Paulo e os paulistas que odeiam o resto do Brasil?” Novamente, recordei dos meus camaradas em Sampa. Eles não odeiam o Brasil, pelo contrário, os paulistas se espalham alegremente pelo país. Paraty, por exemplo, é praticamente uma província paulistana. Onde, claro, não existe nenhum ressentimento; ninguém é tão bobo quanto a Veja. 


Então o que se passa com São Paulo? Como a capital dos metalúrgicos se transformou  no refúgio da elite excludente, aponto de  merecer a nefasta defesa da suja publicação? Parece que a mentalidade da elite paulista anda na contramão do resto do país. No momento em que o Brasil vive uma fase inédita de mínima inclusão e enfrenta, só um pouco, algumas mazelas, São Paulo opta pelo caminho inverso: atacar seus cidadãos mais humildes sem piedade. A torcida de todos é que essa vingança contra o popular seja o grito desesperado de um conservadorismo que vê seu fim cada vez mais próximo. 

Já que a metrópole faz aniversário nesse dia 25, compilei alguns links de notícias sobre São Paulo nesse ano que passou. Não só da capital, estendi a homenagem a todo o estado cafeicultor.
38 links:
*Quem tiver estômago fraco não leia os comentários das notícias


Começando com a ocupação militar da USP, destruindo aquela bobagem de autônima universitária, coisa babaca de maconheiro vermelho - http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/11/relacao-conflituosa-entre-alunos-da-usp-e-policia-existe-desde-ditadura.html

Panfleto contra os usuários de maconha na USP, de brinde ironizam o assassinato de Vladmir Herzog - http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/11/panfletos-ameacam-usuarios-de-maconha-no-campus-da-usp.html

Só porque ele é preto é racismo? -  http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/01/14/policia-racismo-na-usp-426419.asp

União Conservadora Cristã da USP, o panfleto abaixo é deles - http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/extrema-direita-universitaria-se-alia-a-skinheads/n1597226175495.html 
Olha esse panfleto hahahahaha


Promotor aconselha que se o policial atirar, que atire para matar. Vai ficar derpediçando?! - http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/976892-promotor-aconselha-policial-a-melhorar-mira-para-matar-ladrao.shtml

São Paulo contra o crime: proibição de garupas em motos  - http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/11/assembleia-de-sp-aprova-lei-que-proibe-garupa-em-motos.html

De quem é a culpa do estupro? Da vadia é claro - http://noticias.gospelmais.com.br/bispo-geralmente-estupro-acontece-consentimento-mulher-21005.html

Tropa de elite da polícia paulista, a ROTA, passa a ser chefiada por um dos autores do massacre do Carandiru - http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1010645-novo-chefe-da-rota-atuou-em-massacre-do-carandiru.shtml

São Paulo contra o crime 2: Prefeitura e Governo do estado se unem para caçar estudantes que matam aula -  http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1012529-pm-e-prefeitura-de-sp-vao-a-caca-de-estudantes-que-matam-aulas.shtml

São Paulo contra o crime 3: Alckmin veta a volta das bandeiras ao estádio - http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2011/10/12/alckmin-veta-lei-que-permitiria-a-volta-das-bandeiras-aos-estadios.htm

Governo paulista fecha escola de música Tom Jobim sem motivo - http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/governo-de-sp-fecha-unidade-da-escola-de-musica-tom-jobim

Prefeitura arma Guarda municipal com pistolas Taser - http://blog.opovo.com.br/pliniobortolotti/prefeitura-arma-a-guarda-municipal-com-pistolas-taser-e-chama-a-militarizacao-de-%E2%80%9Cpasso-inovador%E2%80%9D/

Militarização das subprefeituras, atenção ao mapa - http://www.escoladegoverno.org.br/artigos/1023-militarizacao-das-subprefeituras-paulistanas-interesse-do-cidadao-local

Dorival Caymmi - Motoboy deve usar só branco - http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia/2011/11/29/motoboy-devera-usar-moto-branca-e-colete-em-sp.jhtm

"A cidade mais ilustrada": Para 20% dos paulistanos só gays e prostitutas pegam AIDS - http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1014898-para-20-dos-paulistanos-so-gays-e-prostitutas-pegam-aids.shtml

PM paulista não usa só pistolas, usa espadas também - http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/5649-confronto-entre-torcedores-e-policiais-no-pacaembu#foto-105317
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Metro censura grafite - http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1018981-metro-de-sp-apaga-grafites-de-pm-coxinha-e-vagao-negreiro.shtml

48 prisões, tiros de borracha na cara, ROTA em ação e a exorbitante quantia de 500g de crack apreendidos nos 7 dias de operações na Cracolândia. A ação na Cracolândia já esta na história da truculência policial.

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,jovem-diz-ter-sido-atingida-na-boca-por-bala-de-borracha-na-cracolandia,820634,0.htm

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1032669-rota-entra-em-operacao-da-pm-na-cracolandia.shtml

http://www.redetv.com.br/Video.aspx?166,85,240241,jornalismo,noventa-segundos,operacao-na-cracolandia-prende-48-pessoas

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1034376-geraldo-alckmin-visita-cracolandia-de-madrugada.shtml


E de quem é a culpa do Crack? Dos PeTralhas é claro - http://www1.folha.uol.com.br/poder/1035235-secretario-de-alckmin-diz-que-pt-consolidou-crack-em-sao-paulo.shtml

Mais bonito: taxis agora é com a cor do tucanato - http://oglobo.globo.com/pais/padronizacao-de-taxis-com-as-cores-do-psdb-causa-polemica-3583536#ixzz1ifsNDqXq

Esses professores demitidos e ainda querem salários. Nada disso, tem que devolver - http://noticias.uol.com.br/educacao/ultimas-noticias/2012/01/14/governo-de-sao-paulo-quer-que-12-mil-professores-dispensados-devolvam-salario.htm

Mas peraí, falta dinheiro para o professor e sobra para o estádio? - http://esportes.r7.com/futebol/noticias/fruto-de-dinheiro-publico-estadio-do-corinthians-e-confirmado-pela-fifa-na-copa-do-mundo-de-2014-20110713.html

O principal papel do Estado paulista é garantir a propriedade privada. Reintegração de posse é política educacional. Antes de Pinheirinhos, teve batalha em Ribeirão Preto - http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5223813-EI8139,00-Desocupacao+de+favela+termina+em+confronto+com+a+PM+em+SP.html

O estado de São Paulo contra Pinherinhos:


http://www.cartacapital.com.br/sociedade/liguei-para-o-190-com-medo-da-policia/


http://www.revistaforum.com.br/blog/2012/01/24/a-ausencia-de-um-cadaver-nao-diminui-a-violencia-no-pinheirinho/

“Mas o Alckmin fez casas populares” - http://www1.folha.uol.com.br/poder/1029566-casas-entregues-ha-7-dias-por-alckmin-ja-tem-problemas.shtml

Houve negociação : "O próprio dono da área havia concordado em aguardar mais 15 dias. Isso tudo foi minuciosamente relatado por Suplicy numa assembleia realizada ontem, sábado, no Pinheirinho. De modo que todo mundo estava tranqüilo.” - http://www.viomundo.com.br/denuncias/deputados-denunciam-manobra-de-ma-fe-do-governador-alckmin.html

Aí o pessoal lembrou que a democracia paulista não tolera trabalhista nem socialista - http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/01/22/eduardo-suplicy-e-ivan-valente-sao-detidos-por-policia-em-pinheirinho.htm

Nem mídia independente - https://knightcenter.utexas.edu/pt-br/blog/reporteres-sofrem-censura-ameacas-e-agressoes-na-cobertura-do-processo-de-desocupacao-de-pinhei

Segundo a PM, foi uma 'ação brilhantemente planejada, onde não foi encontrada resistência'. O elemento surpresa foi o sucesso da ação - http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/dezessete-s%C3%A3o-presos-durante-desocupa%C3%A7%C3%A3o-em-pinheirinho-1

PTralha, né, gente?! Paulo Maldos, Sec. de Articulação Social da Presidência da Republica foi recebido com bala de borracha pela PM Paulista em S.J.dos Campo -https://twitter.com/#!/franciscoamr/status/161194448791937024

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5573337-EI7896,00-Secretario+da+Presidencia+baleado+no+Pinheirinho+critica+governo+de+SP.html

Tão reclamando? O pessoal foi bem acomodado, po! - http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1037981-moradores-de-area-integrada-em-sp-vao-dormir-em-tenda-com-lama.shtml

No litoral norte pode, qual $erá a diferença? - http://www.alnorte.org.br/index.cfm?fuseaction=noticias&id=326

Revanche de 1932? Cai dentro Brasil - http://www.cartacapital.com.br/sociedade/mandado-de-reintegracao-previa-confronto-entre-policias-militar-e-federal/

E olha que governo federal não fez nada... http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2012/01/24/psdb-acusa-pt-de-fabricar-mentiras-em-caso-de-reintegracao-de-posse-no-pinheirinho/

Ou São Paulo acaba com o Tucanato ou o PSDB acaba com São Paulo, mas infelizmente acho que esse número de links só aumentará...

                            Enquanto isso, já diria Mano Brown, Adolf Hitler sorri no inferno

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O SOPA é pura promiscuidade


O que é o SOPA? O vídeo abaixo responde
 
 No decorrer da década de 2000, a internet mudou sua faceta gradualmente: antes se comportava como a tradicional mída de massa, com um canal direto, no estilo o "site publica e você consome". Essa relação mudou drasticamente nessa década, hoje os consumidores são os maiores produtores e a interação virou obrigação. É necessário abrir espaço para os frequentadores produzirem também. Google, Facebook e Blogger certamente ganharam muito com essa nova cara da Net, chamada de 2.0. Mas onde alguns ganham outros perdem.   

A cruel mazela da Costa Rica
Quem mais perdeu com internet 2.0? Os barões da pornografia do sul americano, notadamente do Texas,  do Colorado e de Nevada (estado de  LasVegas). Antes a pornografia era consumida somente através de sites pagos que, aliados com serviços de prostituição, gerava lucros absurdos. Funcionava como uma ponte do virtual para o real. A Costa Rica é o maior prostíbulo das Américas, a Tailândia da América Central, a linha de voôs comerciais Houston - San Jose é a mais movimentada do continente( com exeção dos voôs internos nos EUA). A maioria desse fluxo são de velhos indo pegar meninas a preço de banana. Quem intensificou essa relação? Sites pagos com sedes nesse estados, como sexramas da vida, que ofereciam além do vídeos, viagens, hospedagem, e, é claro, as próprias mulheres.   
                
Com o advento da Internet 2.0, surgem sites grátis que estimulam a produção de conteúdo pelos usuários, garantindo o livre-acesso, como RedTube e Helxx. O lucro desses novos canais de pornografia é quase que exclusivamente de propagandas. Não sejamos ingênuos, esses sites promovem a prostitução, contudo sendo abertos e gratuitos estão sujeito a uma fiscalização mais rigorosa. A propriedade, como a pornografia paga, tem caráter sagrado nos EUA, a violação desta é um sacrilégio, assim a fiscalização inexiste. Quanto dinheiro os donos de sites pornográfico pagos(e de prostituição) perderam com o RedTube e afins? Certamente não foi pouco.
       
O SOPA, ou o PIPA, pretende censurar o conteúdo de redes sociais e sites de compartilhamento, o que é lastimável. No entanto é muito pior para os sites de pornografia gratuita: SIMPLESMENTE DEIXARÃO DE EXISTIR sites como Redtube. O conteúdo destes será censurado automaticamente. A pornografia na net voltará a ser paga.

E de qual estado é o congressita relator dessa lei? Dica: estado que o Bush nasceu e que ama petróleo
        
Isso não é uma questão menor, lembramos que a Internet é só um apêndice da rede de pornografia. Sem sexo explicíto promovendo o avanço da internet estaríamos ainda com o telefone ocupado ao usar nossa conexão discada. A pornografia é um instrumento progressivo on-line.

Resumindo,o SOPA é uma putaria.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Nascimento da Tragédia em Two and a Half Men

Apolo e Dionísio na CalifórniaTwo and a Half Men, um dos mais famosos programas da década, não é mais uma série, é legitimo representante do nosso tempo. Merecendo ser visto não como entretenimento somente, mas também como fonte de observação sobre poderosos conceitos filosóficos.
 Os dois homens são Charlie Harper, seu irmão Alan e o meio é o filho dele, Jake. Após se separar da mãe de Jake, Judith, Alan vai viver com seu irmão, o bon-vivant, Charlie. A graça do seriado reside nas oposições entre os irmãos: Charlie é seguro, confiante, bonito, conquistador e rico com pouco trabalhado; Alan, por sua vez, é pouco confiante, feio, pobre, não obtém sucesso nem financeiro e nem com as mulheres.   
O Gordo e o Magro
A exploração de contrastes não é inédita nas comédias, ao longo das histórias do cinema e da televisão, o recuso foi utilizado de várias maneiras. O melhor exemplo é o clássico “O Gordo e o Magro”. Além dos arquétipos corporais, havia outras diferenças, o Gordo era impaciente, pomposo e mal-humorado, o Magro era calmo, humilde e sereno.  Tanto o seriado da atualidade quanto o clássico do cinema são frutos de uma mesma concepção estética, resultante da filosofia de Friedrich Nietzsche.
O Dionisíaco Charlie
Em o Nascimento da Tragédia, Nietzsche introduz dois conceitos ao estudo estético: o dionisíaco e o apolíneo. No post Festa Imodesta e O Nascimento da Tragédia , já havia comentado um pouco sobre as origens da tragédia helênica pela ótica do livro de Nietzsche junto com a música de Caetano. A abordagem sobre os dois conceitos fundamentais da obra pode ser vista através de Two and a Half Men. Nietzsche apresenta dois impulsos distintos, mas complementares, que atuavam no intelecto grego, especialmente nas criações artísticas: Dionisio, o deus grego do vinho, da orgia, das festas e da sensualidade. Os seguidores do culto deixam de lado a linguagem e a identidade pessoal para entrar em uma dança extática. A música e a intoxicação são seus meios, o seu fim é “o orgasmo coletivo místico”. Apolo, o Sol, o deus da ordem, da razão, incorporado no sonho da ilusão, é o homem civilizado. O culto apolíneo gera otimismo. A insistência na forma e na compreensão racional ajuda a se fortificar contra o frenesi irracional dionisíaco. Charlie é Dionísio e Alan é Apolo. A comédia dos irmãos incorpora os deuses da tragédia.  
            A dupla divina, apontava o filósofo bigodudo, é um elemento da tragédia helênica, que, posteriormente seria suprimida pela tragédia clássica e pela nova comédia. Esta nova forma de arte renegava o impulso pessimista dionisíaco da existência (impulso resumido no atual “já que a vida não tem sentido, vamo zoar”), valorizando apenas a pulsão racional apolínea. A triste renovação na arte grega é um triunfo filosófico. Sócrates e seu discípulo, Platão, acreditavam que a arte era superestimada, afinal “a arte é uma imitação secundária da realidade – um substituto falsificado da vida mesmo”. Nietzsche constata com melancolia essa vitoria: “A arte é reduzida a mero divertimento e governada por conceitos vazios”   
Ironicamente, podemos perceber a dupla Dionisio - Apolo em comédias como O Gordo e o Magro e Two and a Half Men. Ao contrário do que defendia a dupla socrática, estas comédias tem o viés da tragédia dionisíaca e não a resignação apolínea. São tragicômicas, comédias pessimistas: a busca pela felicidade, ou pelo sentido, ou mesmo por um final justo é vazia. O Gordo não existe sem o Magro, mesmo esse sendo a causa dos seus infortúnios. Alan tem em Charlie um espelho para a infelicidade da sua existência. Charlie busca a felicidade instantânea, (seus meios são os jingles e a bebida, como os adoradores de Dionísio) tendo Alan como uma espécie de consciência, um artífice do autocontrole. Ora os irmãos se estimulam, ora se repelem, não importa, o resultado é o mesmo: o fracasso na conquista da felicidade, materializado nos relacionamentos amorosos. Isto se deve porque esse sucesso definitivo ou a felicidade final no amor, não existem. São metas inalcançáveis no fim do horizonte. Mesmo assim, os irmãos Harper continuam a andar nessa direção, Alan olhando para o sol, Charlie observando a sua sombra.
             Em uma das passagens do Nascimento da Tragédia, Nietzsche se pergunta "Que efeito estético é produzido quando as forças da arte apolinea e dionisica, usualmente separadas, são forçadas a trabalhar lado a lado?" Quem sabe Jake ainda nós responda...
   
Homer vê o vazio cruel nos olhos de Charlie
Não há máscara – Charlie é Charlie; Sheen é Harper. Poucas vezes se viu um personagem tão adequado ao seu interprete (e não o oposto!). Em tempos de idealizações absurdas, o seriado oferece duas típicas, e pergunta: O que é melhor, o homem sensível, gentil que escuta e respeita as mulheres ou o cafajeste, conquistador, misógino e babaca com as mulheres? Não há resposta certa. Talvez nem haja resposta. Não há esteriotipos que se sustentem na prática. Basta ver as mulheres presente em Two and a Half Men. (É necessário outro post para falar das fabulosas mulheres do programa, como a durona Bertha ou mãe da sacanice, Evelyn)

O eterno enterro – O atual Two and a Half Men vive a sombra de Charlie. Foi o seriado que morreu, não Charlie.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Para o Boxing Day



 

In the right corner
A same old shit
(something about an chirst)
In the other side
The first lover
Passion on grass
The Ball and pride

Do que me serve o Natal
Dívida, família e sogra
Se não tenho o capital
Até o amor fica de fora ?

O que me importa
É aonde o mundo rola
Não quero feriado amistoso
O meu jogo é outro

Dia vinte e quatro
Quase me mato
Dia vinte e cinco
Preso, nem brinco
Mas dia vinte e seis
Sempre sou Inglês
 

Improvisada de terceira festa
Camisa dez de dezembro
O dia na caixa
Livre de impedimento
Dribla o tempo

Quem nasceu há milênios
Não confere os tentos
O meu salvador
É um atacante matador

George Best is god
And devil in only a body
My priest wears red
When I pray
I greet  the Boxing Day


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Hipocrisia Animal



Eu não quero estar certo – Vira mestre surge na internet uma corrente com fortes imagens de violência contra animais indefesos.  A indignação é geral e irrestrita. O código de Hamurabi dos nossos corações exige uma punição no mínimo igual a do agressor do bicho. Não isso seria uma animalesca hipocrisia moral?

Todos reclamam de maus tratos a animais domésticos, mas e os outros? Os animais que nos servem de alimento merecem uma vida de sofrimento e privações que chega ao fim em uma morte bárbara? Não existe argumento moral que resista a hipocrisia (ou será que não existe moral sem hipocrisia?). Comer carne é um luxo desnecessário. Existem milhares de pessoas que não comem carne, por diversos motivos, e são saudáveis. Muitas vezes, mais saudáveis que os carnívoros. Para um homem das cavernas poderia ser uma necessidade fisiológica imprescindível, para nós não é. É só um prazer. Sendo assim condenamos espécies inteiras a uma vida inteira de horror para nosso simples deleite.

Ah, mas nós somos seres racionais e conscientes, temos percepção da nossa individualidade, ao contrário dos animais. Uma galinha é igual a todas as outras.” Pensamento com a lógica do século XIX. Hoje, sabemos bem existem diversos tipos de inteligências, como a emocional, a racional é mais uma entre elas. Indo além, a racionalidade foi o último tipo de inteligência a surgir, é natural que seja a menos desenvolvida. Mesmo assim, ela ocupa o topo na hierarquia das faculdades humanas. E só por conta dela, nos julgamos superiores a todas as outras formas de vida.

Pela razão, tudo é permitido, até a violência. Ou melhor, a violência racional é a única válida. Nossa relação com os outros animais é exemplar nesse ponto: a violência irracional, como bater em um cão indefeso ou uma tourada, é julgada e taxada como imoral; a violência racional, como os bichos torturados e mortos para nos alimentar, é justa, logo moral. A moralidade prova, somos a única espécie hipócrita. Bater com a raiva do coração é maldade, torturar industrialmente é progresso.



Evitar moralina para evitar hipocrisias - Quem come carne se alimente da crueldade mais atroz. Será que tem o direito de apontar o dedo para as crueldades alheias?


O direito dos ET´s - Da Guerra dos Mundos a Marte Ataca, de Independence Day a Reconquista, a ficção cientifica no cinema coloca extraterrestres aniquilando a humanidade. Nossa reação é de raiva, pena e compaixão: “Aliens, porque vocês são tão malvados conosco?” Uma vez que os ETs sejam mais inteligentes que nós, não são superiores? E se são superiores não teriam, pela lógica da nossa relação com outras espécies, o direito inalienável de nos exterminar? As diferenças que os extraterrenos com seus raios de desintegração, proporcionam uma morte rápida e indolor, são muito mais humanos do que a gente.

Perguntar ofende - Será que a irritação das pessoas com a violência contra animais dosméticos, não é a raiva contra a destruição do patrimônio? A vaca na fazenda tem função de máquina, o bicho no apartamento é uma propriedade, talvez não seja isso, o desperdicio, que enfureça?



Se for para comer carne, coma sem medo de ser feliz, só não alimente a hipocrisia. Entre o certo e o errado, dignamente, não escolho nenhum: como carne sabendo que isso é muito errado.