Garibaldi |
O Forest foi um dos primeiros clubes a usar vermelho, cor escolhida em homenagem a Giuseppe Garibaldi herói no Brasil, Uruguai e Itália e fundador dos “camisas vermelhas” que lutaram pela unificação italiana. Em um dos momentos poucos lembrados da vida de Garibaldi, o líder revolucionário passa uma temporada exilado na Inglaterra, onde se torna muito popular entre os trabalhadores. Trabalhadores como os que fundaram o Nottigham. E como os que fundaram o Arsenal, que deve o vermelho da sua camisa ao time do norte do país. Em 1886, o Forest doou um jogo completo de camisas ao recém criado clube londrino.
Robin Wood |
A história de um clube é contada inicialmente pelas suas conquistas coletivas, mas só se sustenta a grandeza com os grandes indivíduos que guiam o clube e a torcida à glória. É impossível falar do Santos sem falar de Pelé, ou contar a história do Flamengo sem passar por Zico. No caso do Forest, é a biografia de Brian Clough que se confunde com a trajetória do time vermelho.
Clough foi um goleador clássico nos anos 60. Jogando pelo Sunderland e o Middlebrough, da sua cidade natal, marcou impressionantes 251 gols em 273 jogos. Nessa conta, ainda estão 24 hat-tricks – três gols na mesma partida. A carreira de Brian,no entanto, foi encurtada quando ele tinha 27 anos e sofreu uma ruptura nos ligamentos do joelho, naquela época tal lesão significava pendurar as chuteiras de forma definitiva. Três anos após parar de jogar, Clough começa a trabalhar como técnico, em 1967, treinando o pequeno Deby County. Já no Derby, mostrou que era tão talentoso no banco quanto no campo. Em apenas cinco temporadas o time de Derby sai da segunda divisão para conquistar o campeonato inglês de 1972, com um elenco desconhecido e sem estrelas. No ano seguinte, Clough deu seu cartão de visitas à Europa, quando chegou a semifinal da Copa dos Campeões, sendo eliminado pela Juventus de Dino Zoffi, Altafini “Mazzola” e Fabio Capelo, em um jogo com a arbitragem, no mínimo, suspeita.
Respaldado pela magnífica campanha Brian pediu um aumento, que foi sumariamente negado pela diretoria. A conquista do campeonato seguinte poderia até corroborar a decisão da diretoria, mas a decadência posterior do Derby faz a torcida lamentar até hoje essa escolha “ Seriamos maiores que o Liverpool se Clough tivesse continuado” – é uma opinião recorrente na torcida do County.
Depois de uma passagem relâmpago de 44 dias pelo poderoso (à época) Leeds United, Brian Clough chega a Nottinhgam, onde ambos teriam suas histórias marcadas para sempre.
Brian Clough, um mito |
Era 1975, o Forest estava na parte de baixo da tabela da segunda divisão inglesa, Brian implantou um estilo de jogador que o consagraria: ter uma excelente defesa, mas sem ser retranqueiro. Ao invés disso, manter e tocar a bola. Possivelmente, tal mentalidade venha das derrotas da juventude no Sunderland, o qual era frequentemente derrotado, mesmo marcando muito gols. Em contra-partida ao “kick and rush” predominante no futebol britânico, Brian sentenciava: “Se Deus quisesse que jogássemos pelo alto, teria colocado grama nos céus”. O jeito de jogar do Forest era valorizando a bola no meio-campo, onde antes era um deserto nos campos ingleses. Se hoje isso nos parece óbvio é graças a Clough e seu Forest, que plantaram a semente dos Arsenals, Chelseas e Manchesters que nos encantam atualmente. Com esse estilo de jogo, o Forest conseguiu um difícil acesso para a primeira divisão. A saga estava apenas começando.
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