sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O Maior time pequeno de todos - I

Quando se contar a história do futebol brasileiro na primeira década do século XXI, será imperativo lembrar o fenômeno São Caetano. Um time pequeno vindo de uma cidade do interior sobe de divisão seguidamente e chega a decisões de torneios nacionais e internacionais em tempo relâmpago. Um feito único na história do esporte? Apenas no futebol brasileiro. Na Inglaterra, uma equipe viveu esse conto de fadas de forma mais intensa, conquistando de assalto a Europa. A história do Nottingham Forest é lendária.

Garibaldi
 O Nottigham Forest já tinha uma história longa, porém discreta no futebol inglês. Fundado em 1865, foi um dos membros fundadores da FA, a federação inglesa de futebol, a primeira do mundo. O clube localizado na cidade de Nottingham, no norte da Inglaterra, foi batizada Forest em função do parque onde pela primeira vez treinou, esse por sua vez recebeu esse nome por conta da floresta de Sherwood. A floresta Sherwood seria o suposto lar do herói bandido Robin Hood, logo aquele que “roubava dos ricos para dar aos pobres”.



O Forest foi um dos primeiros clubes a usar vermelho, cor escolhida em homenagem a Giuseppe Garibaldi herói no Brasil, Uruguai e Itália e fundador dos “camisas vermelhas” que lutaram pela unificação italiana. Em um dos momentos poucos lembrados da vida de Garibaldi, o líder revolucionário passa uma temporada exilado na Inglaterra, onde se torna muito popular entre os trabalhadores. Trabalhadores como os que fundaram o Nottigham. E como os que fundaram o Arsenal, que deve o vermelho da sua camisa ao time do norte do país. Em 1886, o Forest doou um jogo completo de camisas ao recém criado clube londrino.

Robin Wood
 O Forest foi um dos primeiros clubes a usar vermelho, cor escolhida em homenagem a Giuseppe Garibaldi herói no Brasil, Uruguai e Itália e fundador dos “camisas vermelhas” que lutaram pela unificação italiana. Em um dos momentos poucos lembrados da vida de Garibaldi, o líder revolucionário passa uma temporada exilado na Inglaterra, onde se torna muito popular entre os trabalhadores. Trabalhadores como os que fundaram o Nottigham. E como os que fundaram o Arsenal, que deve o vermelho da sua camisa ao time do norte do país. Em 1886, o Forest doou um jogo completo de camisas ao recém criado clube londrino.

A história de um clube é contada inicialmente pelas suas conquistas coletivas, mas só se sustenta a grandeza com os grandes indivíduos que guiam o clube e a torcida à glória. É impossível falar do Santos sem falar de Pelé, ou contar a história do Flamengo sem passar por Zico. No caso do Forest, é a biografia de Brian Clough que se confunde com a trajetória do time vermelho.

Clough foi um goleador clássico nos anos 60. Jogando pelo Sunderland e o Middlebrough, da sua cidade natal, marcou impressionantes 251 gols em 273 jogos. Nessa conta, ainda estão 24 hat-tricks – três gols na mesma partida. A carreira de Brian,no entanto, foi encurtada quando ele tinha 27 anos e sofreu uma ruptura nos ligamentos do joelho, naquela época tal lesão significava pendurar as chuteiras de forma definitiva. Três anos após parar de jogar, Clough começa a trabalhar como técnico, em 1967, treinando o pequeno Deby County. Já no Derby, mostrou que era tão talentoso no banco quanto no campo. Em apenas cinco temporadas o time de Derby sai da segunda divisão para conquistar o campeonato inglês de 1972, com um elenco desconhecido e sem estrelas. No ano seguinte, Clough deu seu cartão de visitas à Europa, quando chegou a semifinal da Copa dos Campeões, sendo eliminado pela Juventus de Dino Zoffi, Altafini “Mazzola” e Fabio Capelo, em um jogo com a arbitragem, no mínimo, suspeita.

Respaldado pela magnífica campanha Brian pediu um aumento, que foi sumariamente negado pela diretoria. A conquista do campeonato seguinte poderia até corroborar a decisão da diretoria, mas a decadência posterior do Derby faz a torcida lamentar até hoje essa escolha “ Seriamos maiores que o Liverpool se Clough tivesse continuado” – é uma opinião recorrente na torcida do County. 

Depois de uma passagem relâmpago de 44 dias pelo poderoso (à época) Leeds United, Brian Clough chega a Nottinhgam, onde ambos teriam suas histórias marcadas para sempre.

Brian Clough, um mito


Era 1975, o Forest estava na parte de baixo da tabela da segunda divisão inglesa, Brian implantou um estilo de jogador que o consagraria: ter uma excelente defesa, mas sem ser retranqueiro. Ao invés disso, manter e tocar a bola. Possivelmente, tal mentalidade venha das derrotas da juventude no Sunderland, o qual era frequentemente derrotado, mesmo marcando muito gols. Em contra-partida ao “kick and rush” predominante no futebol britânico, Brian sentenciava: “Se Deus quisesse que jogássemos pelo alto, teria colocado grama nos céus”. O jeito de jogar do Forest era valorizando a bola no meio-campo, onde antes era um deserto nos campos ingleses. Se hoje isso nos parece óbvio é graças a Clough e seu Forest, que plantaram a semente dos Arsenals, Chelseas e Manchesters que nos encantam atualmente. Com esse estilo de jogo, o Forest conseguiu um difícil acesso para a primeira divisão. A saga estava apenas começando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário