A América Latina reconhece na Palestina muitas das suas próprias questões como identidade, soberania e independência. Não surpreende, portanto, que os governos à esquerda da região tenham reconhecido prontamente o Estado palestino. Espanta, dentre esse movimento, a velocidade com a qual o Chile, do direitista Piñera, reconheceu a Palestina, antes mesmo da Venezuela chavista. Isso se deve a relação muito intima entre chilenos e palestinos. Relação que apesar de longa, é escondida pela mídia em geral. Felizmente o futebol a escancara para o mundo.
No Chile se localiza a maior comunidade Palestina fora do "mundo árabe". Cerca de 350 mil palestinos vivem atualmente na pátria de Neruda. A migração massiva de palestinos para o país começou nos anos 20, época cuja a “terra santa” era protetorado inglês, o que revoltava tanto judeus quanto mulçumanos. A diferença é que os britânicos só atiravam em um lado (adivinha qual).
Os palestinos que aportaram no país precisavam de uma instituição que preservasse sua identidade. Em agosto de 1920, na cidade de Osorno, ao sul de Santiago, nasce o Club Deportivo Palestino. Como tantos outros times que jogam pelo mundo, o Palestino nasceu de uma colônia, o detalhe é representar um povo sem terra. A referência não é um Estado-nação consolidado, mas as pessoas que lutam por esse Estado. A Portuguesa não luta por Portugal, o Palmeiras não luta pela Itália; essas equipes apenas representam ou louvam suas origens. O Club Deportivo Palestino faz parte da luta pela Palestina.
Nos primeiros anos a equipe só aceitava jogadores de ascendência árabe. Com o passar do tempo, foi-se incorporando jogadores chilenos e até estrangeiros. O que evidentemente fez o clube dar um salto técnico. Essa escalada culminou na conquista do campeonato chileno de 1955. Se recordarmos que Israel foi criado em 1948 (os árabes chamam o dia da criação de Israel de Nakba, a grande catástrofe) e nos anos 50, removeu e matou centenas de famílias palestinas, podemos ter uma ideia do que representou esse triunfo para o orgulho palestino. Ainda que em terras tão longínquas.
Nem a mais justa das batalhas sobrevive no futebol senão for pautada por conquistas, títulos e craques. O Palestino não tem muitos títulos, é verdade, mas teve o maior jogador da história do Chile.
La Intifada |
A torcida, apelidada de “os árabes”, quase viu a conquista do Apertura de 2008, que escapou por entre os dedos da equipe verde, vermelha, branca e preta. A sua maior torcida organizada chama-se “Intifada”, simbolizando a resistência com garra. Hoje, mais do que nunca, o Palestino continua na luta. Seus torcedores são mais cada vez mais apaixonados. Dentre todos os clubes do mundo, o Palestino é que tem a maior torcida, na acepção mais bela que pode existir para a palavra.
A partir de 1:00 tem um rock animal, com uma letra sensacional
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